O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Mário Figueiredo, manifestou-se hoje favorável à existência de árbitros profissionais em exclusividade para a I Liga e o recurso a árbitros de baliza neste campeonato.

«Muitas vezes o árbitro não consegue ver lances de penaltis que ficam por marcar ou penaltis mal marcados, porque ele não consegue ver. Eu posso dar inúmeros exemplos, vistos na televisão, de que só um árbitro na posição oposta ao principal é que pode ver se a bola entrou ou se foi falta. É essencial que se dê aos árbitros condições para arbitrar com qualidade. Para mim é com árbitros de baliza e árbitros profissionais na I Liga», afirmou Mário Figueiredo à agência Lusa.

O presidente da LPFP reconheceu ser impossível profissionalizar todos os árbitros que arbitram as competições profissionais em Portugal, defendendo que a II Liga sirva para «tirocínio» dos “juízes”.

«Nós não podemos tornar exclusivos os árbitros da II Liga, que era caríssimo e não há maneira de o fazer. Eu defendo que devemos profissionalizar uma elite de árbitros que só apitaria a I Liga, que estariam em exclusividade, teriam um registo de interesses muito bem apurado, como o exemplo da divulgação do clube de simpatia desses árbitros, e que se podiam preparar durante todo o dia para arbitrar», disse.

Mário Figueiredo considera que as nomeações para jogos de clubes dos quais se sabe que os árbitros são adeptos ou simpatizantes «é um desastre».

«Porque estamos a colocar os árbitros numa posição muito difícil. Eu acho que devia haver um registo de interesses sobre as preferências dos árbitros, que depois não podem apitar os jogos desse clube, nem os clubes com mais rivalidade com esse clube», explicou.

Questionado sobre se essa assunção de interesses não poderia reduzir em muito a elite de árbitros portugueses, Mário Figueiredo vincou que «bastava ter 15 ou 16 árbitros altamente profissionalizados».

«Só podemos fazer isso na I Liga e a II Liga é uma antecâmara. Não podemos querer colocar a bitola toda por baixo, os árbitros não podem ser tratados por igual porque os campeonatos não são iguais, há uma hierarquia. Para uma boa I Liga temos de ter um bom conjunto de árbitros profissionais a tempo inteiro», considerou.

O presidente da LPFP disse também que «os árbitros já são profissionais, porque já auferem uma remuneração de tal maneira elevada que hoje em dia é apetecível por muita gente, mesmo que o tenha de fazer em concurso com outra profissão».

Para o dirigente, a questão que se coloca é «se deve ser uma profissão em exclusividade de funções», que obrigará a uma posição governamental sobre as pensões no final da carreira, por «ser uma atividade de desgaste rápido e de acabar cedo».

Além disso, Mário Figueiredo defende ainda alterações nas observações – introduzindo padrões de exigência iguais em todos os jogos –, e nas nomeações, «que têm sido um desastre» e «têm de ser feitas com antecedência».

«Esta teoria do segredo protege em quê a competição? Torna-se mais transparente? Não acho. Parece-me que lança opacidade para cima do sistema, que tem de ser claro. Os árbitros têm de ir para um jogo livres, porque não são adeptos, nem contra o clube, e serão observados por um conjunto de pessoas que observa todos e não só um», concluiu.