Mário Figueiredo, candidato à presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), considera que é necessária a introdução de mecanismos de solidariedade na distribuição das receitas dos direitos televisivos e da publicidade.

Em entrevista à agência Lusa, o advogado, de 45 anos, disse pretender «a negociação dos contratos televisivos de forma coletiva e não individual», para que «os clubes conjuguem esforços que permitam maximizar as receitas das transmissões».

«A negociação coletiva só faz sentido se se introduzirem princípios de solidariedade dos clubes maiores para com os mais pequenos. Essa medida de solidariedade não é apenas tirar a uns para dar a outros, porque temos de manter o nosso futebol competitivo e os clubes do topo da tabela têm de continuar a ser competitivos nas competições europeias», alertou.

Mário Figueiredo defende «mecanismos de distribuição das receitas indexados, por um lado, aos resultados desportivos, mas também ao ‘share’» televisivo.

«Nós temos clubes do meio da tabela que também são responsáveis por grandes audiências, porque são clubes que podem discutir o resultado quando jogam com o Benfica, o Sporting ou o FC Porto. E é a incerteza do resultado que cola as pessoas ao televisor», afirmou.

Contudo, esta negociação conjunta dos direitos televisivos poderá não ser fácil, uma vez que o FC Porto já renovou o contrato com a Olivedesportos até 2018 e o Benfica tem ameaçado não fazer o mesmo caso os valores que pretende não sejam atingidos.

«Este projeto é para todo o futebol, para todos os clubes. É impossível coletivizar a negociação dos direitos televisivos, se cada um estiver mais interessado em maximizar o seu resultado individualmente», reconheceu Mário Figueiredo.

O candidato considerou ainda que «se os clubes estiverem cartelizados para negociarem, certamente vão conseguir um resultado global maior».

«Temos de pensar em grande, aumentar o resultado global para todos e depois pensar numa forma de dividir esses resultados que incentive, por um lado, a competitividade da Liga e, por outro, permita que os clubes grandes mantenham o bom trabalho que tem sido feito na internacionalização do futebol profissional», explicou.

Sobre esta renegociação, Mário Figueiredo lembrou que há «um parceiro que negoceia com os clubes os direitos de transmissão televisiva e é com ele que os clubes vão ter de se entender».

«É com ele [Olivedesportos] que, em primeira análise, as negociações vão ter de ser feitas, ainda que coletivamente. Até porque o próprio detentor tem direito de preferência na aquisição de direitos futuros», recordou.

Mário Figueiredo defende ainda a internacionalização das imagens do futebol português, considerando mesmo que os direitos televisivos até podem, numa ação de “marketing”, ser oferecidos, numa primeira fase, a alguns países.

«É preciso fazer um trabalho de fundo para que as pessoas se interessem pelo futebol nacional. Depois, quem vai dar retorno aos clubes, ao detentor dos direitos pela utilização das imagens são os próprios patrocinadores, que vão pagar para que as imagens com os seus patrocínios passem noutros países», afiançou.

Mário Figueiredo disse ainda que devem «ser introduzidos mecanismos que permitam que a publicidade possa ser negociada coletivamente para que os clubes de baixo também possam receber algumas das verbas que os clubes grandes recebem».

«Estes mecanismos foram introduzidos em 1991 em Inglaterra, onde metade do bolo das receitas de televisão e de publicidade é dividida pelos clubes igualitariamente. A outra metade é dividida tendo em conta os resultados e o ‘share’», reiterou.

Mário Figueiredo é um dos dois candidatos assumidos à presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, a par de António Laranjo, nas eleições intercalares de 12 de janeiro.