Em 1991 o Benfica foi até a Ucrânia contratar o avançado Sergei Yuran ao Dinamo Kiev. A transferência foi rocambolesca, numa altura em que o internacional russo já tinha tudo acertado com o Liverpool. Em entrevista exclusiva a um podcast russo sobre desporto, o antigo jogador da seleção russa recordou as peripécias da sua contratação por parte do Benfica.

"O Dínamo Kiev na altura estava a trabalhar com o famoso empresário Pini Zahavi, ele disse-me que íamos viajar para Liverpool. Eu pensei: 'Bem, fantástico'. Eu já tinha o visto [para Inglaterra] e à última da hora dizem-me: 'Vais é para o Benfica'. E aí eu pensei: 'Bem, ótimo, Portugal'. O que aconteceu é que o Liverpool tinha oferecido dois milhões de euros e o Benfica chegou com 2,8 milhões de euros", recorda o antigo avançado.

Já em Lisboa, antes da assinatura do contrato num hotel, Sergei Yuran chegou a pensar que estava a ser enganado. E o medo de ser preso, levou-o a recusar um envelope com 50 mil dólares.

"O diretor financeiro [do Benfica] e o tradutor vieram ter comigo à noite e deram-me 50 mil dólares. E pensei: 'Vai haver aqui alguma provocação'. E afastei-me. O tradutor disse que eu tinha de assinar. Eu disse-lhe: 'Não, se assinar será a minha própria sentença. Por andar com moeda estrangeira posso ficar preso até dez anos. Eles estão a recrutar-me desta forma'", recordou.

"Fiquei uma hora e meia sentado sem assinar, o diretor financeiro mostrou-me os documentos, mas nem toquei em nada para não deixar as minhas impressões digitais. Aí, o tradutor diz-me: 'Isso [os 50 mil dólares] está incluído no contrato, o resto estará na tua conta bancária'. Eu respondo: 'Sim, sei, o resto não será necessário. Acho que é uma falsificação, com certeza'. Depois ligaram-me e eu falei com eles", sublinhou.

O medo de ser preso por estar na posse de tanto dinheiro levou-o a uma loja onde comprou... 20 pares de ténis.

"Peguei no dinheiro e imediatamente comprei 20 pares de ténis da Adidas. Também comprei umas calças. Já na caixa, eles olharam para mim e eu disse: Não importa, e se de repente vendem tudo e não vai haver mais?", finalizou.