
António Garrido, que morreu esta quarta-feira, é considerado um dos maiores árbitros nacionais de sempre, tendo sido o primeiro português a dirigir uma final da Taça dos Campeões Europeus (1980). O antigo árbitro internacional português morreu hoje, aos 81 anos, vítima de doença prolongada.
Para além do jogo decisivo da edição de 1980 da mais importante competição europeia de clubes, António Garrido marcou presença em dois Mundiais de futebol (1978 e 1982) e um Europeu (1980).
Em maio, em entrevista à agência Lusa, António Garrido recordava que as presenças na fase final dos Mundiais foram o ponto alto da sua carreira. Na sua estreia em Mundiais, em 1978, na Argentina, António Garrido arbitrou o primeiro jogo da seleção anfitriã, com a Hungria (vitória dos sul-americanos por 2-1).
No Europeu de 1980, em Itália, arbitrou o decisivo Itália-Bélgica, que ao terminar empatado colocou os belgas na final da competição, que acabariam por perder para a então República Federal Alemã.
Quatro anos depois, em 1982, nova ida ao Mundial, desta feita em Espanha. No Campeonato do Mundo do país vizinho, Garrido esteve perto de apitar a final.
“Durante o campeonato, tudo indicava que seria o árbitro da final desde que o Brasil fosse à final”, lembrou António Garrido à Lusa. Mas a Itália eliminou o Brasil (3-2, com um 'hat-trick' de Paolo Rossi) e Garrido viu, assim, esfumar-se a possibilidade de chegar ao topo da carreira.
“Acabei por me limitar a fazer o jogo do terceiro e quarto lugares. Estava em grande forma, era considerado um dos melhores, senão o melhor, árbitro mundial nessa altura. Acabei por ter azar e não ir à final”, lamentou.
Nos jogos das competições europeias de clubes, o ponto alto de António Garrido foi a final da Taça dos Campeões Europeus de 1980, na vitória dos ingleses do Nottingham Forest sobre os alemães do Hamburgo (1-0, no Santiago Bernabeu, em Madrid).
Já antes tinha arbitrado uma Supertaça Europeia em 1977, entre o Liverpool e o Hamburgo. E acabaria por cumprir o sonho de dirigir uma partida no mítico estádio Wembley, na final do campeonato britânico entre a Inglaterra e a Escócia.
A nível nacional, António Garrido assumiu no início de carreira - perante os responsáveis da arbitragem - que era do Sporting, mas acabou por se tornar um adepto do FC Porto.
"Uma pessoa acaba por se sentir bem onde nos tratam bem. Não é que o Sporting ou o Benfica não me tratassem bem. Acompanhei os árbitros nos jogos desses clubes [...], mas comecei a sentir-me acarinhado, principalmente quando terminei a carreira, pelo FC Porto. Acabei por ganhar uma simpatia pelo FC Porto e posso dizer que hoje sou portista", assumiu em 2012, em entrevista ao Jornal de Leiria.
Contabilista de profissão, António Garrido começou como fiscal de linha num Peniche-Caldas de juvenis em 1964 e estreou-se como árbitro no mesmo ano, dirigindo a partida entre “Os Nazarenos” e o Mirense. Chegou ao topo da carreira nacional e em 1973 ganhou as divisas de internacional.
Foi reconhecido pelo Governo com a medalha de Mérito Desportivo e mais tarde agraciado pelo Presidente da República com o grau da Ordem do Infante D. Henrique.
Depois de ter terminado a carreira como árbitro, foi durante 20 anos instrutor de árbitros da FIFA, observador da UEFA e comissário de árbitros em campeonatos do Mundo.
António Garrido foi membro do Conselho de Arbitragem a nível nacional durante quatro anos. Em 2005 foi ouvido pela Polícia Judiciária como testemunha no processo Apito Dourado, depois de ter sido escutado em conversas com arguidos como Valentim Loureiro e Pinto de Souza.
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