Nuno Mendes, mais conhecido por Mustafá, líder da Juventude Leonina, encontra-se em prisão preventiva há três semanas no âmbito do caso da invasão à Academia do Sporting.
O número um da claque verde e branca viu ainda ser-lhe negado o pedido de libertação imediata ('habeas corpus') na passada quinta-feira pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Agora, e em entrevista à revista Sábado através de uma resposta por escrito enviada desde a cadeia, Mustafá negou qualquer tipo de premeditação no ato, refuta a ligação de Bruno de Carvalho ao sucedido e fala mesmo numa “perseguição”.
"Em relação a Alcochete, penso que a única maneira de retirar Bruno de Carvalho do Sporting era associar a Juve Leo à invasão. Bruno de Carvalho estava a ser um peso para muita gente. São 41 arguidos, dos quais 14 são da Juve Leo. Porque se diz que foi a Juve Leo? Quem são os outros? Já perguntaram?", começou por dizer.
"O conhecimento que tinha dos acontecimentos de 15 de maio devia-se à violação do segredo de justiça. Depois vim a saber mais. Porque foram já de cara tapada? A única coisa que posso garantir é que comigo ninguém entrava de cara tapada. O porquê, terá de perguntar a quem o fez", acrescentou.
Relação com Bruno de Carvalho e reunião depois de Madrid
A relação com Bruno de Carvalho foi outro dos temas desta entrevista. Mustafá referiu que houve diversas reuniões entre as partes, mas sublinhou que sempre existiu respeito entre ambos.
"A relação [com Bruno de Carvalho] foi uma relação de presidente para presidente, com respeito de ambas as partes. Não havia uma frequência regular [de reuniões], reunimos várias vezes em várias ocasiões, sempre acompanhados", contou o líder da Juve Leo, antes de falar sobre o encontro a 7 de maio, no dia seguinte à derrota do Sporting em Madrid com o Atlético:
"Alguns sócios pediram-me para que o presidente estivesse presente para lhe demonstrarem o desagrado com ele. Perante as respostas dele, houve reações e comentários menos bons contra o presidente. Isso levou-o a dizer ‘Façam o que quiserem’ mas em relação a ele, não tinha nada a ver com os jogadores (…) Nunca me foi pedido para bater em jogadores ou danificar seja o que for."
Mustafá sublinhou ainda que a claque "já por várias vezes se dirigiu à Academia para falar, incentivar, motivar os jogadores para dérbis, no Natal, etc.", e deu como exemplo uma visita em 2016 numa altura em que o Sporting passava um mau período. "Falámos e encorajámos os jogadores, ninguém entrou encapuzado e não houve agressões", atirou.
O número um da claque verde e branca realçou ainda a relação com os próprios jogadores, falando ainda dos "laços de amizade" que se criam.
"Nani frequentou a minha casa, já partilhei mesa de restaurante com William, João Mário, Rui Patrício, Marco Silva, Fábio Coentrão…", referiu.
"Ao contrário do que alguns dirigentes pensam, a Juve Leo não serve só para cantar e abanar a bandeira. Somos sócios do clube e também temos a nossa opinião (…) Seja quem for o presidente, a relação tem de ser boa. Em relação a Frederico Varandas, após uma reunião em que disse que contava comigo muitos anos comigo no Sporting, houve quem tentasse desestabilizar, criando guerras inexistentes", concluiu o líder da Juventude Leonina.
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