O presidente do Sporting revelou hoje que foi o próprio empresário do futebolista André Carrillo, Elio Casareto, a apresentar uma empresa de Malta para o clube efetuar o pagamento das comissões de intermediação e os direitos de imagem.
“O pagamento das comissões de intermediação e sobre o salário e os direitos de imagem são recebidos por intermédio das empresas que os agentes e os jogadores indicam. Dão a morada, dizem qual a empresa e fazem-se os pagamentos. Se são 'off-shores' ou não, não é da lavra dos clubes”, disse Bruno de Carvalho, a propósito da documentação divulgada no 'Football Leaks' que apontava para que os valores a pagar pelo Sporting relativos à intermediação e aos direitos de imagem de Carrillo sê-lo-iam no estrangeiro, sujeitos à carga fiscal vigente no país domiciliário.
Em declarações à agência Lusa, o presidente 'leonino', que assume não ser um especialista em 'off-shores', afirmou que as empresas em Malta indicadas pelo agente de Carrillo não são 'off-shores', que não há qualquer ilegalidade, e considerou que toda esta questão “não passa de uma manipulação” com objetivos que não consegue descortinar.
Acusa Elio Casareto de ter uma máquina profissional na sua retaguarda: “Já não é o Elio amador, que punha pinóquios e fazia aquelas graças sem graça nenhuma nos 'tweets' e nos facebook´s. As pessoas quando ouvem falar de ‘off-shores’ pensam logo em ilegalidade em dinheiro sujo, quando é perfeitamente normal. É da responsabilidade do jogador e do agente indicar como quer receber em relação às três componentes que referi.”
Bruno de Carvalho aludiu ainda ao economista Camilo Lourenço, que se apressou publicamente a dizer que esta questão devia ser investigada pelas autoridades competentes.
“Há pessoas inteligentes, pseudo-especialistas como Camilo Lourenço, que vieram logo dizer que isto tinha de ser investigado. Esse senhor não é do Sporting e não vai ficar feliz com os resultados se houver investigação, porque o Sporting não tem problemas com nenhuma investigação, muito menos de 'off-shores'", disse o presidente ‘leonino’.
Questionado sobre o andamento do processo disciplinar a André Carrillo, Bruno de Carvalho, que já foi ouvido no âmbito do mesmo, justificou os vários meses em que este se arrasta com o número de testemunhas que a defesa do jogador exigiu e manifestou o desejo de que chegue ao fim o mais depressa possível.
“A defesa pediu tantos trâmites legais, que faz lembrar aqueles processos com quase 200 testemunhas. Estamos a cumprir o pedido da defesa, porque, pelo Sporting, há muito que estava resolvido”, referiu Bruno de Carvalho, reafirmando que não foi o clube de Alvalade a pedir “tantas diligências que levam o seu tempo a cumprir”.
Outras questões pertinentes prendem-se com a manutenção do nome de Carrillo na lista de jogadores para a Liga Europa, que o Sporting enviou para a UEFA, e com a eventualidade de o jogador vir a ser reintegrado no plantel assim que o processo disciplinar seja encerrado.
Em relação ao primeiro ponto, Bruno de Carvalho considerou que o Sporting “não pode nem deve tirar um jogador de uma lista apenas por pirraça”, por entender que "não se responde a uma má atitude profissional com outra má atitude profissional, nem a um erro com outro erro”.
“Se cheguei a acordo com Carrillo em cinco minutos e depois ele não tenha sido fiel a esse acordo e se tenha recusado a assinar porque queria sair de borla do Sporting, conforme me referiu mais tarde, nem por isso permitirei nenhuma atitude incorreta por parte do clube”, disse o presidente dos 'leões', que explicou que o Sporting tão-pouco retiraria qualquer vantagem disso.
Com efeito, segundo Bruno de Carvalho, o Sporting só podia, independentemente de retirar ou não o nome de Carrillo da lista para a UEFA, inscrever três jogadores e a escolha recaiu em Sebastien Coates, Bruno César e Hernán Barcos.
“Não era pela saída do jogador A, B ou C que podíamos ter inscrito o Schellotto e o Marvin Zeegelar. Não há troca por troca, há apenas um máximo de três jogadores a inscrever pelo regulamento da UEFA”, explicou Bruno de Carvalho, que ironiza com o tema, ao alegar que não retirou a foto do egípcio Shikabala na equipa durante toda a época, apesar deste se ter ausentado para o Egito.
Quanto à eventual reintegração de Carrillo no plantel do Sporting, com o qual tem contrato até junho, Bruno de Carvalho deixou a entender que a mesma não é viável, ao considerar que o assunto Carrillo está “desportivamente encerrado” e que tem noção da gravidade do processo e da necessidade de ter jogadores com “garra, capacidade de sofrimento e de sacrifício e comprometidos com os objetivos da equipa”.
Instado a comentar a contratação de Carrillo pelo Benfica, alegou que a mesma não o surpreendeu: “A sua vontade foi ficar livre para assinar por outro clube e ninguém pode coagir outrem para assinar. Não é isso que está em questão, nem o clube pelo qual assinou, mas a forma como as coisas aconteceram. Não tenho nenhum problema existencial por ele ter assinado pelo Benfica.”
No entanto, Bruno de Carvalho confessou alguma surpresa por ver que um jogador, que tinha “metade da Europa e do mundo atrás dele”, acabou por ter “unicamente mercado em Portugal”.
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