
O Sporting, de Rúben Amorim e Viktor Gyökeres, fechou a primeira volta como incontestado líder da I Liga portuguesa de futebol, que comandou quase sempre, mas o campeão Benfica está encostado e o FC Porto na corrida.
Os leões somam 43 pontos, mais um do que as águias e cinco face aos dragões, antevendo-se mais uma luta a três pelo título, pois o Sporting de Braga não convenceu face aos grandes e está já a 10 pontos, igualado com o vizinho Vitória de Guimarães.
Num campeonato em que só os quatro primeiros garantem a Europa – o quinto só irá se não houver um vencedor surpresa na Taça de Portugal -, o regressado Moreirense (sexto, com 29 pontos) também está na luta, sendo a equipa sensação das primeiras 17 rondas.
Em termos globais, destaque imenso para o recorde de golos (446, à média de 2,92 por jogo) em 26 edições a 18 equipas, numa competição em que o VAR continua sem convencer, sendo que até conseguiu validar um golo em fora de jogo.
Individualmente, a prova foi pautada pelo internacional sueco Viktor Gyökeres, que o Sporting contratou ao Coventry. O avançado de 25 anos foi o jogador com mais participação direta em golos, entre os que marcou (11) e as assistências que fez (sete), transfigurando o futebol leonino.
Na sua quinta temporada em Alvalade – quarta desde início -, Rúben Amorim manteve inegociável o seu 3-4-3, mas Gyökeres deu-lhe profundidade, capacidade de segurar a bola, e beneficiou tudo à sua volta, até o patinho feio Paulinho (oito golos).
O central Diomande e o avançado Marcus Edwards foram outros elementos em destaque nos leões, nos quais o talentoso Pedro Gonçalves voltou a ser intermitente, longe do nível de 2020/21.
O Sporting foi, sobretudo, forte como um todo, mas não se livrou de duas derrotas, a primeira na Luz, onde esteve a poucos minutos de vencer - teria ficado com seis pontos de avanço à 11.ª ronda -, acabando por cair com dois golos nos descontos, e a segunda em Guimarães, já depois de um empate em Braga.
De resto, 14 vitórias, a mais marcante dos quais na receção ao FC Porto (2-0), sem esquecer a primeira, perante o Vizela (3-2), num jogo resolvido por Paulinho, aos 90+9 minutos, depois de os forasteiros anularem um prematuro bis de Gyökeres.
O Estádio José Alvalade foi, aliás, o maior aliado dos leões, única equipa 100% vitoriosa em casa (nove triunfos, em nove jogos), com 24 golos marcados e sete sofridos, e uma total harmonia entre a equipa, o treinador e os adeptos.
Ao contrário do Sporting, o Benfica viveu uma primeira volta tumultuosa, muito por culpa de um início de maus resultados, nomeadamente a abrir o campeonato (2-3 no Bessa) e a participação, falhada, na Liga dos Campeões (0-2 com o Salzburgo).
O ‘caso’ Vlachodimos e as dificuldades em substituir Grimaldo e Gonçalo Ramos, apesar dos milhões investidos em Jurasek (nunca se impôs) e Arthur Cabral (só agora está a aparecer), também ajudaram à crispação entre adeptos e treinador, que atingiu o pico após um empate caseiro com o Farense.
Ainda assim, foi na Luz, sempre com mais de 50.000, que o Benfica viveu os grandes momentos, com triunfos face ao FC Porto (1-0), selado pelo regressado Di María, e, especialmente, ao Sporting (2-1), com dois golos nos descontos, de João Neves e Tengstedt, que também decidiu em Braga (1-0).
O pleno face aos outros concorrentes diretos – que se estendeu a Supertaça (2-0 ao FC Porto, em Aveiro) e Taça de Portugal (3-2 ao Sporting de Braga, na Luz) – é a grande façanha das águias, que, apesar da crise, já vão em 16 jogos sempre a pontuar.
Mesmo com eternos problemas no último toque, seja e rematar ou passar, Rafa foi uma das figuras do onze de Roger Schmidt, juntamente com a omnipresença de João Neves, a magia de Di María, a polivalência de Aursnes e a segurança de Trubin.
Se o Benfica está colado ao líder pela competência nos jogos grandes, o FC Porto está mais para trás precisamente porque perdeu na Luz e em Alvalade – ainda empatou no Bessa e, no Dragão, perdeu com Estoril e empatou com Arouca.
Uma série de golos marcados nos descontos nas primeiras seis rondas evitaram males maiores, mas os dragões, na sétima época sob o comando de Sérgio Conceição, não foram consistentes, nunca conseguido mais do que três vitórias seguidas.
O maior problema do FC Porto esteve no ataque, já que os ‘azuis e brancos’ ficaram-se pelos 25 golos, apenas o oitavo melhor registo da prova, atrás de equipas como Estoril Praia (31), Vitória de Guimarães (28), Gil Vicente (27) e Boavista (26), além de Sporting e Sporting de Braga (ambos 40) e Benfica (35).
Os dragões também pagaram caro a indisciplina, já que foram a equipa que viu mais cartões (61), incluindo expulsões comprometedoras de Fábio Cardoso (na Luz) e Pepe (Alvalade), num trajeto em que o melhor foi o guarda-redes Diogo Costa.
Campeão pela última vez em 2021/22, o FC Porto ainda está, porém, na corrida, ao contrário do Sporting de Braga, que não mostrou estatura para os jogos ‘grandes’ e acabou muito mal a primeira volta, com apenas uma vitória em quatro embates.
Os arsenalistas tiveram o melhor marcador, no congolês Banza (14 golos), e o melhor ataque (40), em igualdade com o Sporting, mas foram instáveis defensivamente, com 25 sofridos, mais do dobro dos registados por Benfica (11) e FC Porto (12).
As lesões do líbio Al Musrati (só esteve em nove jogos), elemento essencial no meio-campo, não ajudaram a tarefa de Artur Jorge, que, além de Banza, teve em destaque o espanhol Álvaro Djaló e, mais a espaços, o ‘capitão’ Ricardo Horta.
Certo é que o sonho do título não vai, certamente, ser concretizado em 2023/24 - com o Sporting a 10 pontos e o Benfica a nove -, sendo que, após 17 rondas, o Braga nem sequer logrou somar mais pontos do que o rival Vitória de Guimarães.
A diferença de golos é o único que separa as duas equipas, sendo que o Vitória empatou na Pedreira – com um golão de João Mendes -, pelo que o onze de Álvaro Pacheco, o quarto treinador da época (incluindo o interino João Aroso), está na corrida à Europa.
O Moreirense, de Rui Borges, também ainda pode sonhar, já que segue apenas a quatro pontos dos vizinhos, depois de um percurso pautado pelo excelente pecúlio fora: somou 18 pontos, perdendo apenas para Benfica (22) e Braga e FC Porto (ambos 19).
Abaixo, nenhuma equipa pode já dar por adquirida a manutenção mas o Famalicão (sétimo, com 22 pontos), apesar de só ter marcado 17 golos, o Farense (oitavo, com 21), com uma equipa muito experiente, e o Boavista (nono, com 20), mesmo sem dinheiro e Petit, parecem bem encaminhados para continuar na I Liga.
Na segunda metade, o Casa Pia (10.º, com 19 pontos) esteve muito mal em casa (cinco pontos), o Estrela da Amadora (11.º, com 18) foi regular e nunca caiu nos últimos três lugares e o Portimonense (12.º, com 18) sofreu muitos golos (36), incluindo três autogolos de Relvas, que ainda marcou dois na baliza certa.
O Estoril Praia (13.º, com 17 pontos) viveu da magia de Rafik Guitane e teve como ponto alto o triunfo no Dragão, o Arouca (14.º, com 16) melhorou muito com Daniel Sousa e o Gil Vicente (15.º, com 16) não sabe jogar fora (oito derrotas, em oito jogos).
No lugar de play-off, que deu sempre descida, está o Rio Ave (16.º, com 15 pontos), muito por culpa das vantagens que não segurou, enquanto o Vizela (17.º, com 16) e o Desportivo de Chaves (18.º e último, com 11) têm de ser mais do que Essende (oito golos, de 16) e Hectór Hernández (nove, de 18), respetivamente.
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