O treinador do FC Porto revelou na sua primeira grande entrevista todos os problemas que sentiu ao longo da sua primeira época como técnico principal no Dragão. Vítor Pereira admite que a conquista do título não foi fácil, rebate críticas à sua equipa e garante que vai continuar a aprender com os erros do passado.
Numa longa entrevista ao diário O Jogo, Vítor Pereira abordou vários tópicos relacionados com a sua primeira experiência como treinador principal do FC Porto.
«O que disse sobre Jesus fez-me pior a mim»
Vítor Pereira admitiu que a troca de palavras com o treinador do SL Benfica lhe provocou algum desgaste e reconheceu que inconscientemente estava a «defender-se».
«Não fui autêntico, provavelmente por defesa. Estava numa perspetiva defensiva, porque os pontos de interrogação começaram logo no início e eu fechei-me e fui reativo, reagia com agressividade (…) Não estava preparado para ser atacado por toda a gente, quase que me senti humilhado, parece que tinha deixado de perceber de futebol (…) Quando disse o que disse sobre o Jorge Jesus, não fui eu próprio e aquilo fez-me mal. Provavelmente, fez-me pior a mim do que a ele. Nunca mais me senti bem comigo próprio, porque não posso avaliar as pessoas e eu avaliei o Jorge Jesus como pessoa. Não posso fazê-lo, porque não o conheço como pessoa. Não fui correto e por isso pedi desculpa e fiquei muito melhor comigo próprio», disse Vítor Pereira.
«Cheguei a ler que até um macaco seria campeão»
Muitas vezes criticado, Vítor Pereira teve de lidar ao longo da época com notícias que davam como certa a sua saída do comando técnico do FC Porto
«O presidente foi o primeiro a manifestar-me total confiança no nosso trabalho. Acho estranhíssimo que se pense que uma pessoa que se distingue pela inteligência e pela intuição, que tem ganho títulos uns atrás dos outros, fosse apostar em mim a pensar que eu ia falhar. Dá para acreditar nisto? Olho para o meu trajeto e não estranho que, de fora, me coloquem em dúvida, porque eu sei de onde vim, a última equipa que eu tinha treinado foi o Santa Clara, da II Liga. (…) Sei que era eu que estava mais à mão, eu é que vim de adjunto... Às vezes entristece-me que se diga que na época passada se ganharam tantos títulos e parece que eu não estive cá. Vim de férias, vim de qualquer lado, caí de paraquedas... Falam como se não tivesse estado, mas estive e ajudei», afirmou Vítor Pereira.
«Sem competência não há quem resista; a estrutura pode ser muito forte, mas sem competência não há hipótese... Eu cheguei a ler coisas... Não me dói por mim, porque sei bem no meio em que estou. Agora, os meus filhos... Os meus filhos e os amigos dos meus filhos também veem televisão, também leem jornais. Os meus filhos chegaram a casa a dizer: 'Ó pai vais sair, eu até chorei". Isso é que me custa. Eu cheguei a ler que até um macaco seria campeão. Isso é a maior falta de respeito pelos outros adversários todos. (…) Aqui o campeonato foi competitivo enquanto teve o Benfica na frente, continuou espetacular quando foi o Braga, depois passou o FC Porto para a liderança e lá se foi a qualidade num campeonato nivelado por baixo. Depois vejo que tivemos mais golos marcados, menos golos sofridos... É esta a equipa que foi martelada todo o ano porque jogava mal? Temos de ser coerentes e não nos deixar levar na onda. No final da época, tiveram de se engolir muitos sapos», atirou o técnico portista.
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