Dos 27 atletas que compõem o seu plantel, 23 são portugueses e apenas quatro estrangeiros: dois brasileiros (Éder Diego e Júlio César), um angolano (Marco Airosa) e um senegalês (Fary, há 15 anos em Portugal), sendo que apenas os três primeiros foram utilizados até agora nas provas oficiais (Taça da Liga e Liga de Honra).

Segundo o presidente da comissão administrativa que gere o clube, esta opção deveu-se essencialmente a dois factores: à necessidade de reduzir custos e formar uma equipa experiente para o competitivo campeonato da II Liga.

“Se contratarmos muitos jogadores estrangeiros temos de lhes arranjar residência e pagar alimentação, além de que fica mais cara a inscrição de um jogador estrangeiro, quase o dobro de um português”, notou Armando Silva em declarações à agência Lusa.

Para o ‘capitão’ da equipa, o elevado número de jogadores portugueses que compõem o plantel é, por outro lado, factor de coesão e identidade na equipa, principalmente por causa da facilidade de comunicação entre os atletas.

Sérgio Carvalho, no Aves há sete épocas, lembrou que o investimento do clube em jogadores portugueses “não é só desta época, já faz parte da sua mística” e considerou que, “até pela situação económica do país, é importante uma maior aposta em jogadores portugueses”.

Sérvio Carvalho, que saiu de um clube da III divisão directamente para o Boavista, onde se sagrou campeão nacional, alertou ainda para os “colegas com muito valor que existem nos escalões inferiores”, considerando que a grande diferença entre esses e os profissionais está na mentalidade e na dedicação à profissão.

Grosso, outro dos ‘capitães’ da equipa, entende que o excesso de jogadores estrangeiros nas duas ligas profissionais resulta da “falta de aposta na formação nos clubes, que preferem ir buscar um estrangeiro a ter o trabalho de formar os jogadores desde novos, mas cada vez mais os clubes têm que se virar para dentro porque não têm dinheiro para contratar lá fora”.

O polivalente jogador de 24 anos é um caso raro porque conseguiu conciliar a prática do futebol com os estudos. Aluno de medicina, Grosso considera que a aposta contínua em jogadores estrangeiros pode contribuir para que muitos desistam do futebol na passagem para os seniores.

“Quando somos novos, queremos tanto uma coisa que nem sequer pensamos nisso, mas no início da carreira profissional é desmotivador ver um treinador que não ajuda a crescer e a apostar num jogador estrangeiro e muitos, se calhar, caem no esquecimento por causa disso”, disse.

Já o terceiro ‘capitão’, Tiago Valente, defendeu que seria positivo que “todos fossem como o Aves, um clube familiar e que tivessem muitos portugueses”, mas que isso é cada vez menos possível dada a preferência por estrangeiros.