Paulo Pereira Cristóvão, candidato derrotado nas últimas eleições do Sporting, lamentou hoje o «mau momento» do pedido de demissão do presidente do clube, José Eduardo Bettencourt.

«Era algo que eu temia que acontecesse a breve trecho, por diversas ordens de razões. Não concordo com o momento porque a demissão do presidente do Sporting a seguir a uma derrota com o Paços de Ferreira parece que está a querer passar a mensagem de que se demitiu por causa da derrota e todos sabemos que não será essa a principal causa da sua demissão», afirmou Paulo Pereira Cristóvão em declarações à agência Lusa.

Para o antigo candidato, esta demissão «é um momento que deve ser aproveitado pelo clube e por aquela linhagem de dirigentes que está dentro do clube há 15 anos, de que José Eduardo Bettencourt era só a face mais visível, [para] serem fieis à decisão do presidente, abandonarem o clube e conferirem a possibilidade de uma mais que necessária renovação geracional no dirigismo sportinguista».

«É um mau momento, penso que, no mínimo deveria aguardar até ao final da época. Agora, quando tomou a decisão, José Eduardo Bettencourt não a tomou de ânimo leve, terá os seus motivos. Alguns são do meu conhecimento, mas prefiro reservar esse conhecimento só para mim», frisou Cristóvão.

O antigo candidato considera que as «pessoas que foram suas entusiastas e que, ao nível da banca, suportaram a sua entrada no clube têm uma palavra a dizer», lamentando também as repercussões da saída do presidente ao nível desportivo.

«No futebol, o dirigismo do clube vai ser assegurado por uma comissão de gestão, que está legitimado pelos estatutos, mas não o está eleitoralmente, e, como o próprio nome diz vai fazer uma gestão, não vai traçar planos de futuro. É uma comissão que vai aguentar e manter o clube até umas eleições que aí venham, a não ser que assistamos a qualquer outro fenómeno de índole monárquica. Penso que já passámos esta fase, mas no Sporting, às vezes, há estas novidades», explicou.

Paulo Pereira Cristóvão reconheceu que este é um momento de «união e de o clube ter muita calma nas decisões», manifestando-se disponível para ajudar os “leões”, independentemente do cargo.

«Eu sou sócio há 37 anos e sei que um dia ainda serei útil ao meu clube. Ainda emprestarei algum esforço pessoal à vida do meu clube, não necessariamente na condição de presidente da direcção... há muitas formas de ajudar o clube, não tenho essa ambição pessoal neste momento», frisou, apelando a que o clube «conclua a época da forma mais digna possível».

Bettencourt demitiu-se de presidente do Sporting, após a derrota caseira dos “leões” com o Paços de Ferreira (3-2), assegurando que esta é a melhor decisão para o clube.

Depois de ter exercido funções na administração da SAD, Bettencourt presidia ao Sporting desde 5 de Julho de 2009, quando venceu, com 89 por cento dos votos, as eleições em que teve Paulo Pereira Cristóvão como único oponente.