O antigo diretor de marketing do Sporting, Pedro Afra, afirmou hoje em tribunal nunca ter conversado sobre política com o arguido do processo Taguspark Rui Pedro Soares, com o qual o clube negociou contratos de milhões de euros.

Quando questionado pela defesa de Rui Pedro Soares sobre se alguma vez lhe foi sugerido pelo ex-administrador da PT, no âmbito das negociações de contratos publicitários entre a empresa e o Sporting, se alguém do clube deveria apoiar o PS ou José Sócrates a troco desses contratos, Pedro Afra negou.

«Nunca. Não me lembro de conversar com Rui Pedro Soares sobre outros temas que não desportivos. Nunca falei de política ou de outros temas que não tivessem a ver com a atividade profissional», disse a testemunha arrolada pela defesa de Rui Pedro Soares, ex-administrador não executivo do pólo tecnológico de Oeiras.

O processo Taguspark está a ser julgado no tribunal de Oeiras e a acusação refere alegadas contrapartidas que a Taguspark terá dado, por intermédio do ex-administrador Rui Pedro Soares, ao ex-futebolista Luís Figo para este apoiar a campanha de José Sócrates a primeiro-ministro nas legislativas de setembro de 2009.

Quando questionado sobre o facto de os valores do contrato publicitário entre Figo e o Taguspark - 750 mil euros por três anos, com pagamento de 350 mil logo no primeiro ano - serem superiores aos valores de mercado de outros ex-futebolistas, nomeadamente Rui Costa, Sá Pinto e Vitor Baia, Pedro Afra considerou normal.

«Os valores de investimento têm a ver com o valor das marcas. Acho que o Luis Figo é uma marca mais valiosa do que os outros futebolistas. É como no caso do Sporting, nunca conseguimos ter um contrato superior aos do Benfica, porque a marca tem mais valor, é mais conhecida e tem mais fãs», disse o antigo diretor geral da Sporting, Património e Marketing.

Rui Pedro Soares, ex-administrador não executivo do polo tecnológico de Oeiras, Américo Tomatti, à data dos factos presidente da comissão executiva do Taguspark, João Carlos Silva, antigo administrador do pólo, estão acusados de corrupção passiva para ato ilícito.

O Ministério Público considera que os arguidos "sabiam ser administradores de uma sociedade de capitais maioritariamente públicos" e que, no exercício das suas funções, ao realizarem um contrato com Luís Figo, "determinaram-se por interesses estranhos à sociedade Taguspark", utilizando-a para beneficiarem terceiros.