O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, disse hoje sentir-se “vigarizado” com a atuação do primeiro-ministro, Passos Coelho, e do presidente da República, Cavaco Silva, na questão do BES, questionando se vão “indemnizar aqueles a quem enganaram”.

“Senti-me vigarizado, não enganado. Foram-me ao bolso. Fui prejudicado com a falência do BES. Não em números astronómicos, mas significativos. Nunca tive ações do banco, mas quando as vi a descer e ouvi o primeiro-ministro a dizer que era um banco seguro, com almofada para pagar o dobro das dívidas que tinha, e o presidente da República a dizer o mesmo... Confiava no que diziam. Fiz como muita gente e investi em ações do BES”, começou por explicar o dirigente.

Em entrevista ao Porto Canal, e sempre crítico com a atuação dos altos responsáveis políticos, completou: “Não faço ideia se agora o presidente e o primeiro-ministro vão ou não indemnizar os que enganaram. Do BES nada espero, não me enganaram”.

Pinto da Costa manifestou-se ainda desagradado com a ação do Governo de Passos Coelho, bem como a oposição do Partido Socialista, cuja liderança é jogada nas eleições primárias de domingo, que opõem António José Seguro e António Costa.

“O governo está na situação em que está e a alternativa seria o PS que vemos dividido em campanha eleitoral, na qual não foi dito nada de interessante, limitando-se a luta pessoal, ataque direto. Uma péssima imagem. A conclusão é de que nada há de positivo e de interesse para o país e para o cidadão vulgar”, lamentou.

O dirigente do futebol sugeriu uma terceira via: “Quando o Governo é o que é e a esperança está dividida desta maneira, temo muito que não tenhamos solução. Só se surgir uma terceira figura que num congresso possa agregar. Fernando Gomes [ex-presidente da Câmara do Porto e atual administrador da SAD do FC Porto] tem toda a capacidade, mas tem um compromisso comigo. O João Soares? A situação como está, é muito difícil haver união”.

“Com a alternância dividida, não há alternância, nem solução. Que volte a ‘troika’ e ponha um primeiro-ministro e ministro das Finanças por sorteio. Assim pode calhar gente simpática. A ‘troika’ que mande como tem mandado”, concluiu.