Benfica e Sporting não foram além de um empate a uma bola, em jogo da 3.ª jornada da I Liga. A divisão de pontos "atira" o rival FC Porto para a liderança, a par do surpreendente Vitória de Guimarães. No dérbi entre os rivais da 2.ª Circular, os homens de Jesus criaram mais oportunidades mas "esbarraram" quase sempre em Patrício.

O dérbi 81 entre Benfica e Sporting poderia deixar os "leões" num momento delicado na tabela, em caso de derrota. Ambas as equipas vinham de vitórias tangenciais na ronda anterior, arrancadas "a ferro" frente a adversários modestos. Jesus optou por reforçar a zona do meio-campo, com a entrada de André Almeida, passando Talisca a jogar nas costas de Lima. As alas eram argentinas, com Salvio e Gaitán a meterem velocidade no jogo pelos corredores. Do lado do Sporting, a surpresa foi a entrada direta de Slimani para o onze, depois de cumprir um castigo interno. Uma boa aposta de Marco Silva para chegar ao golo, num campo onde o Sporting não marcava há oito anos.

A jogar em casa perante quase 63 mil espetadores, o Benfica entrou forte, ameaçou por Talisca, Luisão e Salvio, antes de chegar ao golo aos 12 minutos, numa boa jogada de combinação atacante. A apatia e falta de agressividade dos "leões" foi penalidade com um golo de Gaitán, de pé direito.

Mas antes Artur já tinha deixado no ar o que estava para vir. Nervoso, sem segurança, a "tremer" quem "varas verdes", o guarda-redes do Benfica levou os adeptos da casa ao desespero. Falhou uma saída a um canto que Slimani quase transformava em golo, despachou mal uma bola após um atraso e repetiu a dose aos 20 minutos com consequências no resultado: atrapalhado, demorou em despachar a bola. Quando quis faze-lo, rematou contra Carillo, a bola sobrou para Slimani fazer o golo mais fácil da sua vida. No final, Jorge Jesus desculpou o guarda-redes, dizendo que se tratou de um lance como um penálti falhado ou um autogolo. Se tivesse sido só esse lance…

Marco Silva, que na conferência de imprensa após o jogo disse esperar não perder Slimani, tinha razão ao apostar no argelino. Enquanto as propostas que vão chegando a Alvalade não são boas, o treinador pode "dormir" descansado. Se sair, será uma "dor de cabeça" para Marco Silva arranjar outro que dê tanto a equipa.

No segundo tempo o Benfica, empurrado pelo seu público, carregou no acelerador, tentou chegar a vitória mas Rui Patrício, ao contrário do colega Artur, mostrava enorme segurança. Negou golos feitos a Salvio em duas ocasiões e a André Almeida em momentos cruciais. Do outro lado Artur redimiu-se e já na parte final evitou a vitória do Sporting num remate de Slimani que ia para a baliza.

O jogo deixou a nu as fragilidades do Benfica na zona intermédia, onde falta claramente um médio de cobertura, que não pode ser nem Enzo (ainda pode sair) nem André Almeida. Talisca ainda está muito "verde" e a confiança de Jesus nos homens do banco não é tanta. Só entrou Derley para jogar os últimos sete minutos. Na defesa, Jardel "disfarça" mas falta alguém com a classe de um Garay. E Artur deverá estar a preparar a entrada de Júlio César no onze. Só defender penáltis não chega para agarrar o lugar.

Do lado do Sporting, Marco Silva não inventou muito. Com Slimani a equipa ganha poder de choque e presença na área. O técnico afirmou na conferência de imprensa que não tem medo de perder o argelino mas a verdade é que Montero, em crise de confiança, e Tanaka não parecem dar as garantias de Slimani.

Nani trouxe mais equilíbrio ao jogo, embora sem deslumbrar. Mas os "leões" irão sofrer na zona defensiva em jogos com adversários de maior nomeada, principalmente na Champions. Maurício é demasiado duro de rins, Sarr e Paulo Oliveira são jovens. Marco Silva ganhou a "batalha dos bancos", apesar de Jesus só ter feito uma mexida. Capel, Mané e Rosell trouxeram mais frescura aos "leões", numa fase em que o Benfica estava por cima no jogo.

Oito anos depois, o Sporting voltou a marcar na Luz para o campeonato mas o grande beneficiado do empate foi o FC Porto que já tem dois pontos de vantagem sobre o Benfica e quatro sobre o Sporting, numa altura em que I Liga irá parar para dar lugar aos jogos das seleções. Depois vem ai a Liga dos Campeões, competição que provoca um desgaste enorme nas equipas. Quem tiver melhores soluções no plantel poderá ser mais feliz no final. E nesta luta, os "dragões" estão em vantagem.