O presidente da Associação Nacional de Agente de Futebol (ANAF), Artur Fernandes, disse este domingo à agência Lusa que «o futebol deveria ser considerado um produto com prioridade nacional» devido à promoção que faz de Portugal.

Numa altura em que a classe política debate incentivos às exportações como uma das fórmulas de saída da crise financeira, o futebol entra na sua maior fase de negócios, que costumam resultar a entrada de muitas divisas nos clubes e empresas nacionais.

Impunha-se perguntar se deve o futebol ser considerado nos benefícios às exportações? «Não só o futebol, mas o desporto em geral, nomeadamente o de alta competição, deveria ter outro tipo de tributação», frisou Artur Fernandes.

«Acho que o desporto, no seu global, pelo desgaste rápido profissional e pelo papel social que tem, merecia um tratamento diferente», afirmou o empresário, a propósito do que pode ser entendido como excesso de tributação, o que «fere a competitividade face a outros mercados».

Por isso, «é fundamental um melhor enquadramento fiscal, mas também social, estrutural e político do futebol».

Segundo Artur Fernandes, «para o bem ou mal, o futebol português tem uma excelente imagem Mundial e nos palcos mais importantes da modalidade».

E essa é a razão para que o reenquadramento nos critérios referidos se faça «com consciência e conhecimento, sentando as pessoas que mandam à mesa e pô-las em sintonia com a realidade».

O representante dos agentes FIFA (cerca de 40 registados na Federação Portuguesa de Futebol num universo que ultrapassa as seis dezenas) considera que «o futebol português pode ainda ser melhor, muito melhor».

«É para isso que trabalhamos, esquecendo polémicas privadas e regionais, passando a questões de fundo, nacionais e internacionais», referiu.

Fazendo o balanço de cinco anos de actividade da associação (criada em 2006), Artur Fernandes considera atingidos os três objectivos iniciais, como a «melhoria da imagem da classe, a sua união e o reconhecimento por parte de todas as instituições nacionais e internacionais, governamentais e desportivas, da importância do papel dos nossos agentes».

«Temos, hoje em dia, uma grande união entre os empresários, representamos 90 por cento de todos os agentes portugueses, entre eles o melhor do Mundo [Jorge Mendes]», sublinhou o presidente da ANAF.

Por fim, aflorou o momento de crise financeira e o impacto no mercado futebolístico: «Ao nível dos grandes jogadores – 15 ou 20 em todo o Mundo – vai sempre haver dinheiro e vamos ser impressionados com os milhões transaccionados».

«Para a generalidade dos jogadores, agentes e clubes, não há a menor dúvida que transferências baixaram e funcionam mais os empréstimos», reconheceu.

Artur Fernandes admite que «existe até uma acentuada redução dos salários dos profissionais», revelando que na Liga de Honra «há cerca de 60 por cento de profissionais que recebem apenas o salário mínimo estipulado pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional, cerca de 1200 euros mensais».

E tal como no mundo fora dos relvados, «há novos contextos, como os campeonatos do Brasil, China, Rússia e Ucrânia, com salários colossais. E não duvidem que a Índia vai entrar nessa corrida», concluiu.