A amizade que une os tenistas Gastão Elias e Pedro Sousa não evita rivalidades clubísticas, com os dois a jogarem ao despique na defesa de Sporting e Benfica, que hoje entram em campo para o dérbi de futebol.

Amigos de longa data, os dois tenistas, que este fim de semana estão em Guimarães para a primeira eliminatória do grupo I da zona euro-africana da Taça Davis, que opõe Portugal à Áustria, entram em desacordo quando o desafio é avançar com um prognóstico para o resultado do dérbi, que marca a 25.ª jornada da I Liga de futebol.

“Este ano já levámos três, por isso, espero que desta vez consigamos sair de Alvalade com a vitória. Quem marca? Para mim, tanto faz. Até podia ser o Júlio César”, começa Pedro Sousa, em declarações à agência Lusa.

Passada a bola para Elias, este responde como seria de prever: “Eu tenho de dizer Sporting. Como ele disse, eles já levaram três este ano, por isso, acho que eles vão estar com o moral lá em baixo. Penso que o Sporting é o favorito para este jogo. Vão ser dois golos tranquilos: um do Slimani, outro de qualquer um…”

O 121.º tenista mundial é prontamente interrompido pelo amigo, que o interroga sobre se o argelino irá jogar em Alvalade. “Como anda aí a dar cotoveladas, não sei se vai jogar”, diz, irónico.

As divergências clubísticas não se esgotam nem nas opiniões concordantes. Questionado sobre o novo treinador do Sporting, Elias hesita antes de reconhecer que é um bom treinador e que confia no seu trabalho. Sousa, que tinha ouvido a opinião do amigo sobre o técnico 'leonino' entre sorrisos irónicos, não resiste a lançar uma farpa: “É giro agora ouvir a opinião dele sobre o Jesus. A minha ainda continua a mesma. É o maior.”

Benfiquista ‘doente’, o tenista lisboeta admite que “dói muito ver Jorge Jesus com aquela camisola”, mas que a polémica transferência para Alvalade não lhe toldou a apreciação sobre o treinador rival.

Não é só nas preferências clubísticas que os dois têm posturas diferentes, é também na forma de viver a paixão pelos seus clubes. Enquanto o jogador da Lourinhã, radicado na Florida, acompanha o ‘seu’ Sporting apenas quando o fuso horário assim o permite, Sousa é um fervoroso adepto do Benfica.

“Essa história está muito mal contada”, diz o 518.º jogador mundial, quando lhe é recordado um episódio do Estoril Open do ano passado, em que terá ido à casa de banho numa paragem do encontro da fase de qualificação para saber o resultado do Benfica-FC Porto.

“Não saí de propósito do campo para ir ver. Na altura, soube por acaso o resultado, porque era um jogo importante. De resto, loucuras, não fiz nada de especial. Vou a todos os jogos sempre que posso. Fui a Londres, fui a Turim à final [Liga Europa] – que facada. Sempre que posso, acompanho o Benfica para todo o lado”, confessa.

Já Elias, que nunca viajou com o propósito exclusivo de ver os ‘leões’, recorda uma história "engraçada” de um outro dérbi.

“Uma vez fui ver um Sporting-Benfica a Alvalade, para a Taça, e levei uma raquete autografada para o Liedson. Supostamente ia entregá-la ao intervalo ou algo parecido e esse foi o jogo do 5-3 [meias-finais da Taça de Portugal de 2008]. Estava 2-0 ao intervalo para o Benfica e disseram-me que não havia condições para eu entregar a raquete, porque a atmosfera estava tensa lá em baixo”, conta.

Por terem viajado tantas vezes juntos, nos seus périplos no circuito ‘challenger’, o divertido duo já foi ‘obrigado’ a sentar-se lado a lado para assistir a outros frente a frente entre ‘águias’ e ‘leões’. “Eu lembro-me de um, para a Taça, há dois ou três anos. Estávamos no Equador. Não me lembro quem ganhou, mas ele deve-se lembrar”, brinca Sousa.

Diante da provocação, o número dois nacional alega não se lembrar: “Estava calor e, pois, não sei.” “Foi 4-3 para o Benfica”, 'dispara' o lisboeta, sendo prontamente corroborado por Elias: “Ah! Pois, já me lembro.”