Um novo treinador, uma nova abordagem, um novo modelo de jogo, novos jogadores e uma pré-época que tem criado grandes expectativas entre os adeptos, sedentos de verem o Benfica recuperar o título de campeão nacional que lhe foge há três temporadas.

Roger Schmidt chega do PSV Eidhoven para assumir o leme do Benfica nesta temporada que agora arranca e as primeiras indicações têm sido positivas. As ideias do técnico alemão, que passam por um futebol de ataque, muita pressão e muita posse de bola parecem agradar aos jogadores e ao público e os resultados de pré-temporada corresponderam, com o Benfica a somar por vitórias todos os jogos de preparação que disputou antes da estreia oficial da época e, depois, a entrar em grande no arranque oficial da temporada, com uma exibição de gala e um triunfo claro sobre o o Midtjylland, que deixou os adeptos ainda mais empolgados.

Revolução depois de época para esquecer

O Benfica ficou-se pelo terceiro lugar da classificação na temporada passada, tal como já havia sucedido em 2020/21, apesar de um avultado investimento no plantel. Sem conquistar qualquer troféu desde a vitória na Supertaça em agosto de 2019, as águias voltam a apostar numa profunda reestruturação do plantel (a começar pela equipa técnica) de forma a acabarem com a seca de troféus em 2022/23.

Foi em meados de maio que o Benfica oficializou Schmidt como treinador principal para a nova época. Defensor do 'geggenpressing', o alemão tem procurado implementar essa forma de jogar - com uma pressão imediata e intensa sobre o adversário logo à saída da sua área após a perda de bola. As primeiras indicações têm sido positivas.

Aos poucos, o plantel foi ganhando forma, com o técnico a começar por levar 38 jogadores para estágio e a ir, progressivamente, ajustando o grupo que terá às suas ordens ao longo da temporada, com a chegada de reforços importantes, a resolução de alguns problemas no que toca a jogadores considerados 'dispensáveis' e a aposta em alguma 'prata da casa'. Para já, as novidades nos 'onzes' apresentados por Schmidt têm surgido, sobretudo, do meio campo para a frente, com o regressado Florentino como médio mais recuado, atrás do 'reforço' Enzo Fernández e de um João Mário que parece renascido após uma segunda metade de época de menor fulgor em 2021/22.

No ataque, destaque para outro reforço - David Neres - que tem dado nas vistas graças à sua capacidade para criar desequilíbrios ofensivos, e para a veia goleadora mostrada por outro jovem formado no clube - Gonçalo Ramos, bem vincada pelo 'hat-trick' ante o Midtjylland. Além disso, parece haver profundidade suficiente no plantel para Schmidt poder mexer algumas peças sem que se sinta uma perca significativa de qualidade.

Reforços

Ao todo, são seis as caras novas contratadas pelo Benfica para a temporada que agora arranca, falando-se ainda da possibilidade de haver mexidas na baliza e no ataque, onde Ricardo Horta continua a ser o alvo preferencial.

Para já, para a defesa chegou o brasileiro João Vítor, central brasileiro de 24 anos contratado ao Corinthians a troco de 8,5 milhões de euros (mais um por objetivos) que chegou a ser apontado ao FC Porto. Os adeptos, porém, ainda não tiveram oportunidade de o ver atuar nos jogos de preparação, devido a uma lesão.

Também para a defesa, mas para as alas, chegaram o lateral direito Alexander Bah, vindo do Slavia Praga a troco de 8 milhões de euros e que tem deixado muito boas indicações nesta pré-época, e o lateral esquerdo Mihailo Ristic, contratado a custo-zero depois de deixar o Montpellier.

Para o meio-campo chegou, então, o promissor médio argentino Enzo Fernández, vindo do River Plate (10 milhões de euros), que de imediato 'pegou de estaca' nas escolhas de Roger Schmidt e parece já ter 'caído no goto' dos adeptos.

No ataque chegaram David Neres, internacional brasileiro de 25 anos que brilhou no Ajax e por quem o Benfica pagou ao Shakhtar 15 milhões de euros, e o ponta-de-lança Petar Musa, de 24 anos, que mostrou credenciais ao serviço do Boavista na última época (contratado por 5 milhões de euros). Ao todo, as águias gastaram qualquer coisa como 46,5 milhões de euros.

Saídas

No que a saídas diz respeito, salta obviamente à vista a venda do goleador (melhor marcador da I Liga 21/22) Darwin Nuñez ao Liverpool por uns impressionantes 75 milhões de euros (podendo o negócio chegar aos 100 milhões).

Em relação ao plantel da temporada transata, o Benfica vendeu também Everton (que acabou por não convencer na Luz) ao Flamengo por 13,5 milhões e emprestou Haris Seferovic ao Galatasaray (recebendo um milhão de euros por esse empréstimo).

O guarda-redes Miles Svilar saiu a custo-zero, terminado o contrato que o ligava ao clube da Luz, e dois jogadores que não deixam saudades viram os seus empréstimos ao Benfica chegar ao fim, regressando aos respetivos clubes: Nemanja Radonjić e Valentino Lazaro.

Outros jogadores também poderão ainda sair até ao fecho do mercado, tendo sido noticiado que as águias poderiam estar abertas a ouvir propostas por jogadores como Vlachodimos ou Julian Weigl

Durante a pré-época os encarnados encontraram também solução para alguns jogadores que já não faziam parte do plantel na época passada, mas que ainda pertenciam aos quadros do clube. Jota foi vendido em definitivo ao Celtic por 7 milhões de euros, Gedson Fernandes rumou ao Besiktas por 6 milhões, Ferro e Tiago Dantas voltaram a ser cedidos e Pizzi disse adeus para seguir para os Emirados Árabes Unidos.

Casos por resolver

Se esses casos estão resolvidos, há contudo ainda vários outros por resolver no que toca a jogadores excedentários que não parecem entrar nas contas de Roger Schmidt para o plantel principal.

André Almeida continua a trabalhar com a equipa principal, mas não deverá ser aposta e o Benfica estará a procurar colocação para o polivalente jogador luso, enquanto os médios Gabriel e Adel Taarabt foram já mesmo colocados a treinar com a equipa B enquanto o seu futuro não é solucionado. O médio marroquino parece ter mercado no médio oriente.

Indefinida está também a situação de Chiquinho, que até tem tido direito a alguns minutos nesta pré-época, o mesmo sucedendo com Meité, Diogo Gonçalves e Gil Dias, cuja continuidade não é certa, podendo ainda ser cedidos ou transferidos nesta janela de transferências.

Quem deve mesmo ficar - apesar de se encontrar em último ano de contrato e de a sua saída ter sido dada como certa depois da polémica ausência no derradeiro jogo da temporada passada - é o lateral esquerdo espanhol Alejandro Grimaldo.

Jogos de pré-época

O Benfica realizou uma pré-temporada 100 por cento vitoriosa: 5 jogos, 5 vitórias, 17 golos marcados, 4 golos sofridos.

Reading 0-2 Benfica (9 de julho)
Benfica 3-0 Nice (15 de julho)
Benfica 5-1 Fulham (17 de julho)
Benfica 4-2 Girona (22 de julho)
Benfica 3–2 Newcastle (26 de julho)