Em entrevista ao 'The Player's Tribune', o antigo jogador do Benfica recordou o dia 4 de dezembro de 2015, o dia que mudou a sua vida ao marcar o primeiro golo com a camisola da equipa principal dos 'encarnados'.
"Estava num restaurantes com os meus amigos. Jogava no Benfica e tinha acabado um jogo com a Académica nesse dia e… Ok, não foi um jogo qualquer. Marquei um golo bonito, talvez tenham visto. E foi o meu primeiro no clube pelos seniores. Foi um momento fabuloso que resultou de muito trabalho feito pela minha família e por mim. Mas no campo, não sei… Senti como se fosse um golo qualquer. Havia alguns adeptos no restaurante onde estava a comer a umas mesas de distância e penso que nos devem ter visto. Já jogava na formação do Benfica há alguns anos, as pessoas reconheciam-me. Por norma, eram muito simpáticas e motivadoras. E diziam sempre para continuarmos a trabalhar muito, como se fossem os nossos pais ou algo do género. Mas aqueles rapazes… Estavam loucos. Como se fosse o Messi. Olhei para os meus amigos a pensar ‘Ok, a partir de agora vai ser assim'", começou por contar Renato Sanches.
De seguida, o jogador do Bayern de Munique relembrou a infância na capital. "Ainda era apenas um miúdo da Amadora, no norte de Lisboa. Tive uma infância humilde. Os meus pais trabalharam muito para darem a mim e aos meus dois irmãos uma vida boa. Andávamos muito em Portugal, às vezes em bairros menos bons. Era a vida e não conhecia muito mais. Toda a minha família era benfiquista e isso manteve-nos ligados à comunidade. Onde quer que nós fossemos, encontrávamos outros benfiquistas e conseguíamos de forma imediata ter uma relação. Foi isso que tornou o meu crescimento em Lisboa e arredores tão especial para mim. É por isso que sinto que levo sempre o Benfica comigo para onde quer que vá", admitiu.
No entanto, Sanches revelou que não estava pronto para ingressar na liga alemã. "O Europeu foi indescritível – um feito do qual me vou orgulhar por muito, muito tempo. Pensava que esse torneio me tinha preparado para toda a pressão da Bundesliga. Pensava que estava pronto mas não estava. Em Portugal, eu corria, corria e corria porque tinha capacidade técnica e conseguia disfarçar qualquer fadiga; na Alemanha, podemos correr mas o jogo é tão rápido que tem de ser coordenado de outra forma mas não seres apanhado fora da posição. A minha primeira época não foi a ideal. Ouvia as pessoas dizerem que era um flop, um embuste", lamentou.
"O meu pai tinha algo que me costumava dizer: ‘Tu és um guerreiro. Um guerreiro nunca desiste. Um guerreiro vai à guerra mesmo que pense que vai perder’. No último verão, comecei a reencontrar o meu jogo. Queria ganhar a Bola de Ouro, queria ganhar todas as medalhas e troféus. Ainda tenho todas essas ambições mas vêm atrás dos meus novos sonhos. Quero estar em grande forma, jogar mais minutos, ouvir as pessoas dizerem ‘Este é o Renato que contratámos’. Com o tempo, vou lá chegar. A minha viagem não tem sido simples mas não acabou", garantiu Renato Sanches.
Com apenas 21 anos, o médio do Bayern de Munique já soma alguns títulos. Renato Sanches foi campeão da Europa com a seleção portuguesa, venceu um campeonato português e outro alemão. Nesta temporada soma 19 jogos e um golo entre Liga dos Campeões, Bundesliga e Taça da Alemanha.
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