O treinador Ricardo Soares disse hoje que é "muito gratificante" continuar no Gil Vicente e "foi fácil chegar a acordo" para prolongar o contrato com o emblema da I Liga portuguesa de futebol até junho de 2023.
Depois de ter chegado a Barcelos em 13 de novembro de 2020, quando a equipa gilista ocupava o 17.º e penúltimo lugar, com cinco pontos, o técnico de 46 anos levou os ‘galos’ à 11.ª posição, com 39 pontos, após um percurso com 10 vitórias, quatro empates e 13 derrotas, e acordou a continuidade por mais duas temporadas, nas quais deseja "cimentar o clube na I Liga".
"Ser convidado para o Gil Vicente, para um clube com esta postura, é muito gratificante. As pessoas entenderam que eu tenho perfil para continuar neste projeto É importante que valorizem o que fiz. Foi fácil chegar a acordo. Foi resolvido na hora, porque sinto ser parte integrante de um clube que se quer afirmar de vez na I Liga, para depois pensar noutros voos", afirmou, numa entrevista concedida aos meios do clube, divulgada na rede social Facebook.
O treinador ingressou no Gil Vicente quatro dias depois de oficializada a saída do Moreirense, outro dos emblemas da I Liga, e recorda ter ficado "satisfeito" e "até um bocadinho orgulhoso" por saber que havia outra equipa do campeonato interessada no seu trabalho, antes de se informar sobre o passo a dar na carreira.
Antes de tomar a decisão, Ricardo Soares diz ter falado com o "amigo pessoal" Vítor Oliveira, treinador que conduziu o Gil Vicente ao 10.º lugar na época 2019/20 e que morreu subitamente a 28 de novembro de 2020, tendo admitido que essa conversa influenciou a ida para Barcelos.
"Esteja onde estiver, certamente estará orgulhoso da carreira do Gil Vicente neste ano. Ele disse-me que o Gil Vicente dava todas as garantias para se fazer um bom trabalho. Disse-me que ia encontrar um grupo homogéneo e familiar, com capacidade de trabalho e com qualidade. Só me avisou que os níveis de confiança estariam um pouco baixos", lembrou.
Encarregado da "missão" de aguentar o clube na elite do futebol nacional, Ricardo Soares frisou ter encontrado um "dos melhores grupos até hoje", com "jogadores muito profissionais, responsáveis e educados", que o ajudaram a manter a serenidade na "fase mais negativa" - final da primeira volta e início da segunda, com dois triunfos e oito derrotas em 10 jogos -, antes do "clique" para a escalada rumo à manutenção surgir em Guimarães, com o triunfo sobre o Vitória por 4-2, para a 23.ª jornada.
"Estava plenamente convencido de que iríamos a Guimarães fazer um excelente jogo, de ataque, a prender as pessoas à cadeira. Fizemos um excelente jogo. Ficou 4-2 e poderia ter ficado mais. Não parecia um jogo de uma equipa que estava na situação em que estava [16.º lugar]. Só uma equipa bem preparada emocionalmente poderia fazer aquilo. E isso é mérito de muita gente no clube", recordou.
A partir daí, a equipa apresentou quase sempre o "futebol de ataque e em posse" que defende, jogando como "equipa grande", apesar de te como objetivo a manutenção, e conseguiu até mais pontos fora (23) do que em casa (16), algo que não esperava, já que o calendário da segunda volta era "teoricamente melhor" no Estádio Cidade de Barcelos.
Além do futebol ofensivo e dos resultados, Ricardo Soares frisou que a outra meta enquanto treinador é a de "trabalhar o talento" dos jogadores e "extrair todo o seu potencial" para garantir mais-valias financeiras, tendo frisado o caso de Samuel Lino, melhor marcador do Gil Vicente na época 2020/21, com 11 golos em jogos oficiais.
"Atendendo ao talento que tem dentro. Já mostrou muitas coisas boas, mas tem ainda mais potencial. Vou-me sentir responsável se não conseguir colocar o seu talento em prática", disse acerca do atacante brasileiro, de 21 anos.
O técnico pediu ainda o regresso dos adeptos aos estádios, já que, a seu ver, a "energia" proveniente das bancadas influencia o desfecho dos jogos e "dá sentido" ao futebol, mesmo com uma avaliação negativa do seu trabalho.
"É uma tristeza muito grande não ter os adeptos na bancada. Prefiro 10 mil adeptos a chamarem-me nomes do que 500 a baterem-me palmas. Nem sempre as coisas vão correr bem, mas a presença dos gilistas é fundamental para o Gil Vicente. Não há um clube que cresça sem adeptos", vincou.
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