O Estádio Municipal de Braga vai ser alvo de obras de melhoramento orçadas em cerca de 3,5 milhões de euros, projeto de Eduardo Souto Moura, arquiteto com quem a câmara bracarense tem um litígio por causa do mesmo recinto.

"Vamos retificar obras que, no meu entender, foram mal feitas. O estádio, bem ou mal, está feito e agora compete-nos melhorá-lo", disse o arquiteto responsável pelo estádio construído para o Euro2004 e que, hoje, apresentou o plano de obras no auditório do recinto.

Serão cerca de 3,5 milhões de euros (2,850 milhões pelas obras e 550 mil pela intervenção na alameda do estádio), fatura a dividir entre clube e autarquia, e que visam melhorar o recinto sobretudo nas acessibilidades e funcionalidades.

Na chamada alameda do estádio será colocada uma escultura evocativa do centenário do clube (2021), para a qual será lançada um concurso internacional.

Souto de Moura, que exige da câmara municipal de Braga (CMB) mais cerca de três milhões de euros de honorários do que entende ser a última parcela da obra, litígio que está em tribunal, foi convidado pelo presidente do clube, António Salvador, para fazer as retificações e a CMB não colocou entraves, referiu o arquiteto.

O responsável, que ganhou com esta obra o Prémio Pritzker em 2011, explicou que, "quando foi para o Euro 2004, havia pouco tempo, à portuguesa, e não se sabia o dinheiro que havia".

"Na altura, a gestão da câmara [liderada pelo socialista Mesquita Machado] disse para não se fazer algumas obras, fez-se um determinado tipo de estádio e, na prática, verificou-se que tem deficiências sobretudo na circulação", disse.

O arquiteto lembrou que, entretanto, foram feitas obras por outras pessoas, algo que não gostou.

"Não fiquei nada agradado porque este estádio fui eu que o desenhei, tenho orgulho nele, a arquitetura portuguesa também tem orgulho, ganhei não sei quantos prémios, ou o estádio é que ganhou", disse.

Tendo em conta uma maior segurança dos adeptos, será criado um corredor para deslocar diretamente os visitantes e as suas claques, por uma rampa, ao estádio.

Melhores acessos para deficientes e seus acompanhantes, para viaturas, reformulação das torres de televisões, criação de um conjunto de bares e equipamentos (fan zone), mais casas de banho e uma sala de convívio para os sócios na bancada nascente são algumas das obras a realizar.

Serão ainda reformulados - e construídos mais dois - elevadores, estando ainda prevista uma nova sala de imprensa.

António Salvador quer que, até final do ano, os projetos de execução estejam concluídos para lançar as obras no primeiro trimestre de 2018 e concluí-las no final do próximo ano/início de 2019.

"Já fizemos melhorias pontuais no passado, mas entendemos que é preciso mais. O arquiteto já disse que quando lhe encomendaram este estádio não foi para o futebol, mas para dar a conhecer a cidade ao mundo. Mas este estádio não estava preparado para o que o futebol moderno precisa", disse o líder ‘arsenalista’.

Ainda que para o dirigente "o ideal teria de ser construído de raiz", este "é um estádio único, reconhecido internacionalmente: recebemos visitas de fora e acredito que, com estes melhoramentos, juntamente com a cidade desportiva, vamos ficar com uma obra impressionante".

O Estádio Municipal de Braga custou aos cofres municipais cerca de 150 milhões de euros, mais do dobro do que estava orçamentado, mas pode vir a custar mais.

Além do diferendo por resolver com Souto Moura, a CMB foi condenada, há pouco mais de um mês, pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, a pagar mais cerca de três milhões de euros por trabalhos a mais no Estádio Municipal.

Esta ação junta-se a uma anterior, superior a três milhões de euros e também por trabalhos a mais no mesmo estádio, igualmente interposta pelo consórcio que construiu o estádio, liderado pela Soares da Costa.

A autarquia liderada por Ricardo Rio recorreu de ambas as decisões judiciais.