O Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), expôs hoje, em conferência de imprensa realizada em Lisboa, a situação do nigeriano Michael Uchebo, considera ter sido abandonado à sua sorte pelo Boavista.

As duas partes ainda não chegaram a acordo para a rescisão do contrato e o jogador queixa-se de salários em atraso desde o mês de abril e já avançou com um processo judicial para os tribunais e apresentado uma queixa formal na FIFA, estando impedido de treinar.

"O Boavista ficou de apresentar uma proposta concreta de acordo de rescisão e ainda não o fez, deixando o Uchebo numa situação muito complicada, abandonado o jogador à sua sorte. O Sindicato teve de realizar esta conferência para denunciar mais um caso de salários em atraso. E o Uchebo foi muito corajoso ao aceitar dar a cara para denunciar este incumprimento. A esmagadora maioria dos jogadores não o faz", revelou Joaquim Evangelista, líder do SJPF.

Internacional nigeriano de 26 anos, Michael Uchebo ingressou no Boavista na época de 2014/15, após ter participado no Mundial do Brasil, mas em janeiro deste ano não chegou a acordo para rescindir contrato com o conjunto portuense, diferendo que prosseguiu em setembro último.

A rotura entre o jogador e o clube acentuou-se e este foi afastado da equipa principal, deixando, de acordo com o futebolista, de receber os salários a que tinha direito, pois tem contrato em vigor com os ‘axadrezados’ até julho de 2017.

"Não entendo a atitude dos dirigentes do Boavista. Quero voltar a representar o clube, mas não me deixam e não me dão qualquer explicação concreta. Não só deixaram de me pagar o salário, como já não me pagam a renda de casa, nem sequer a luz. Ainda recentemente cheguei a casa e esta estava com a eletricidade desligada. E já começo a ter dificuldade em ter dinheiro para as refeições. Sinto-me completamente sozinho, abandonado", disse o avançado.

Na base do afastamento do futebolista nigeriano está o valor do seu salário, cerca de 15 mil euros mensais, que o Boavista considera muito elevado.

"Os responsáveis do clube acham que o jogador aufere um montante importante, mas não podem deixar pura e simplesmente de honrar os seus compromissos. Em Portugal há muitos clubes a baixar os seus orçamentos desta forma, à custa do incumprimento salarial com os atletas. Boa gestão desportiva não é isto", acrescentou Joaquim Evangelista.

O presidente do SJFF mantém a intenção de continuar a dialogar com o Boavista e o seu presidente, Álvaro de Braga Júnior, mas promete ir até às últimas consequências.

"O Sindicato já avançou para as vias judiciais, dando apoio jurídico ao jogador e vai acionar o fundo de garantia salarial para minimizar os problemas financeiros do Uchebo. Isto é chocante. Depois de tantos apoios do Estado e de perdões fiscais, vários clubes estão em incumprimento com os seus profissionais e continuam a poder inscrever jogadores", denunciou.

Uchebo revelou ainda que se tem apresentado no clube todos os dias para treinar, mas as portas mantêm-se fechadas.

"E até o Fary, ex-jogador do Boavista que assumiu recentemente o cargo de dirigente, já me disse que só poderei regressar aos treinos se aceitar reduzir substancialmente o meu salário", revelou.

Entretanto, já foi revelado um vídeo nas redes sociais, gravado pelo jornalista da BBC Okeleji Oluwashina, no qual Michael Uchebo mantém um diálogo com um funcionário do Boavista que lhe recusa o acesso aos balneários e aos treinos do Boavista.

Nestas imagens, Uchebo considera-se "um escravo" e questiona o funcionário, interpelando-o: "Não sei porque agora me tratam assim, pois sempre defendi o Boavista. Atualmente sinto medo e temo pela minha segurança".

Na semana passada, o Boavista tinha adiantado que tinha aceitado a mediação do SJPF neste caso, defendendo que chegou a um acordo com o jogador e com o também nigeriano Uche N'Wofor para assinar uma rescisão amigável, “englobando todos os créditos atuais e futuros dos jogadores, prevendo o pagamento imediato de um valor significativo no momento da assinatura".

O Boavista referiu ainda que ficou "mencionado claramente que se tratava de um acordo que só aceitaria se houvesse rescisão amigável conjunta de ambos os jogadores".

Seguiu-se a "rescisão amigável imediata" do contrato com N'Wofor, "sendo assumido o compromisso de que o jogador Michael Uchebo assinaria a sua rescisão amigável nos termos acordados nos dias seguintes", o que, porém, não aconteceu, uma vez que o avançado não compareceu, remetendo a culpa da não resolução da situação para o jogador.

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