O Sindicato de Jogadores de Futebol Profissional (SJFP) alertou hoje que há “grupos identificados” a trazerem futebolistas, que ficam em situação ilegal, e para quem apenas interessa a realização do negócio da transferência.

Joaquim Evangelista, presidente do SJFP, falou à saída de uma reunião no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), para a qual foi convocado, depois das recentes notícias de detenções e notificações a futebolistas em situação ilegal.

“O que é grave é que há grupos identificados a promover isso, agentes que trazem oito, nove, dez jogadores, colocam-nos num local em condições desumanas e há clubes que são coniventes com essa realidade. O negócio, vamos ser claros, é a realização de uma transferência”, referiu o dirigente.

A maioria das situações, com notificações a 105 jogadores, envolve o Campeonato Nacional de Seniores (CNS), embora o dirigente sindical reconheça que há irregularidades nos escalões principais, sem identificar clubes ou agentes.

“Estou a falar das ligas profissionais também, os jogadores quando são transferidos são normalmente para clubes de patamares superiores, há pessoas nesse nível que pactuam com isto, fazem parte da cadeia”, especificou.

Para Evangelista, esta ação do SEF tem o mérito de alertar os agentes do futebol e a sociedade para um fenómeno que não se reduz a casos pontuais que são denunciados pelo SJFP, mas são muitos mais. “Diria que, por cada caso que é identificado, haverá 100 ou 200 que não o são”, acrescentou Evangelista, dizendo que estas situações são transversais aos vários escalões.

O dirigente referiu que hoje teve a oportunidade de dar a conhecer casos de jogadores abandonados e que importa “definir um conjunto de ações futuras, no sentido de ajudar a minimizar este problema, quer no plano preventivo, quer repressivo”. “Uma das coisas que pode ser feita é criar uma estrutura de acompanhamento destes casos, envolvendo o sindicato, eventualmente a federação e a liga e o SEF e nesse caso o que propomos é que seja feita regularmente uma análise dos casos, denunciando até as pessoas que estão envolvidas nesta prática”, adiantou Joaquim Evangelista.

Para o dirigente, importa também existir “um aperto” ao nível do licenciamento por parte da federação, que estará aparentemente a fazê-lo, e um maior rigor e escrutínio no tipo de pessoas que pretendam registar jogadores.