O sócio-gerente da SPDE, Eduardo Silva, afirmou hoje, durante o julgamento da "Operação Fénix", que o seu interlocutor nos contratos que a empresa celebrou com o Futebol Clube do Porto (FCP) foi o diretor da PortoEstádio, Carlos Carvalho.

"A realidade que foi transmitida à defesa [pelo depoimento de Eduardo Silva] é que os interlocutores não eram nem Pinto da Costa nem Antero Henrique", disse Gil Moreira dos Santos, aos jornalistas.

Pinto da Costa e Antero Henrique são arguidos no processo, acusados de crimes de exercício ilícito da atividade de segurança privada, por alegadamente terem contratado serviços de acompanhamento e proteção pessoal à SPDE, quando sabiam que a empresa não dispunha de alvará para o efeito.

Pinto da Costa já depôs, afirmando que nunca teve "guarda-costas", enquanto Antero Henrique optou por não prestar declarações.

O sócio-gerente da SPDE, Eduardo Silva, garantiu que a empresa não faz segurança pessoal.

A SPDE tem contrato com o FCP para a segurança do Estádio do Dragão e outras instalações do clube.

Eduardo Silva admitiu que ele e outros elementos da empresa acompanharam o FCP ou os seus dirigentes em certas deslocações, mas nesses casos apenas prestavam serviços de "assessoria em segurança".

Assessoria que passaria, em certos casos, por fazer "uma primeira barreira" entre os adeptos e os jogadores e responsáveis do clube, como terá acontecido numa fase em que o presidente do FCP estava "cansado" após ter sido submetido a uma intervenção cirúrgica.

No fundo, alegou, a SPDE tratava da "logística", assegurando que não faltariam coisas elementares como água ou mesmo pasta dos dentes.

Os elementos da SPDE destacados para acompanhar as deslocações do FCP fariam um "levantamento" da situação, nomeadamente junto ao hotel onde a equipa iria ficar hospedada.

A ideia, acrescentou Eduardo Silva, seria também "filtrar" quem entrava no hotel.

Em declarações aos jornalistas, o advogado de Eduardo Silva lembrou que do contrato celebrado entre a SPDE e o FCP também faz parte a "vigilância estática a todos os elementos" da direção do clube.

A "Operação Fénix" é um processo relacionado com a utilização ilegal de seguranças privados.

Os 54 arguidos respondem por crimes de associação criminosa, exercício ilícito da atividade de segurança privada, extorsão, coação, ofensa à integridade física qualificada, ofensas à integridade física agravadas pelo resultado morte, tráfico, posse de arma proibida e favorecimento pessoal.

Eduardo Silva é o principal arguido, estando acusado de 17 crimes de exercício ilícito de atividade de segurança privada, além de associação criminosa, favorecimento pessoal e detenção de arma proibida.

Crimes que, ao longo do seu depoimento, tentou desmontar, mesmo naquelas situações em que as interceções telefónicas o "apanharam" em conversas mais agressivas ou intimidatórias.

"Eram desabafos, apenas", referiu.