O treinador romeno, Laslo Boloni, comentou a atual situação do Sporting e mostrou preocupação com o fosso que separa o clube de Alvalade dos rivais SL Benfica e FC Porto.

Em entrevista ao diário O Jogo, o último técnico a sagrar-se campeão no Sporting fez uma análise aos problemas do clube e considerou que os dirigentes leoninos são os principais culpados pela atual situação do emblema de Alvalade.

«A primeira coisa que constato é a instabilidade ao nível da Direção. Digo isto, porque é bom que a hipocrisia seja eliminada. No FC Porto não se fala nisso, no Benfica as coisas estão estabilizadas, mas no Sporting falta coragem e inteligência para se olharem ao espelho e encarar realmente a verdade», começou por dizer o técnico romeno.

Em relação aos rivais FC Porto e SL Benfica, Laslo Boloni considera que o Sporting está, atualmente, num patamar inferior e lamenta que as anteriores direções leoninas não tenham sido honestas com os adeptos.

«Nesta altura, dizer aos adeptos que vamos ser campeões é fácil, mas seria preciso matar Pinto da Costa, fazer o mesmo a Filip Vieira e talvez depois, contra o Braga, nos pudéssemos bater. Esta é a situação atual. São precisos resultados no Sporting, mas não podemos ignorar que é necessário perguntar como é que se chega lá. Quando cheguei ao Sporting, o objetivo era levar a equipa à liderança, ou, no mínimo, ficar em segundo lugar. Agora contentam-se se forem à Europa? A regressão está à vista! É claro que podem sempre argumentar que fomos campeões - e digo nós, não eu - com Niculae, mas desculpem, só pagámos cinco milhões de euros por ele. Hoje ouço falar em somas que ultrapassam esse valor largamente e as coisas continuam como estão», referiu Laslo Boloni.

«Digamos que há sintomas de perda de identidade. A identidade faz-se com o nome, a história e a fidelidade dos adeptos e isso está a perder-se, porque tem faltado sinceridade para com eles. Vi os dois últimos jogos, com o FC Porto e o Videoton, Vi muita vontade, mas uma vontade cega. Houve o querer, mas não houve ordem no jogo. Se calhar, em alguns casos, porque há jogadores muito jovens, noutros porque não terão sequer lugar no Sporting. Para além da amargura que senti depois do jogo, não vi qualquer informação válida nesta equipa. O que vi foi zero. Não estou a dizer isto por não haver qualidade. Digo isso porque falta um fio condutor. O interesse individual domina o interesse coletivo. É preciso basearem-se no valor coletivo», acrescentou.

E remata: «a conversa eleitoralista que termina com um “Viva o Sporting” é anormal. Vão dizer-me que são sócios do Sporting há cem anos? Estou a borrifar-me para isso, é preciso trabalhar e mudar, porque quando enchemos o peito para dizer que fizemos isto e aquilo, não devemos esquecer-nos que nos pagaram para isso».