Uma goleada por 5-1 não oferece dúvidas sobre a justiça, méritos ou eficácia do vencedor. Essa beleza rigorosa dos números assim o dita. Mas um jogo pode - e deve - ser mais do que apenas números. E este sábado o Gil Vicente até podia ter conseguido algo diferente se o seu bom início fosse bafejado por uma competência semelhante à do FC Porto. Foi assim o jogo da 15ª jornada da Liga entre gilistas e dragões, realizado em Barcelos. O FC Porto venceu sem margem para dúvidas, num jogo em que começou por apanhar pequenos sustos e terminou com grandes sorrisos.
A formação orientada por Julen Lopetegui colocou-se provisoriamente a três pontos do líder Benfica, à espera de um deslize encarnado este domingo na deslocação a Penafiel. O triunfo portista marca a força da pressão azul na luta pelo título e deve deixar os campeões nacionais em alerta.
A cronologia do jogo ajuda à crónica. E essa diz-nos que o Gil Vicente tinha três remates nos primeiros 10 minutos sem que o FC Porto tivesse sequer feito qualquer tentativa. Sintomático de uma boa entrada dos ‘galos’, mas à qual faltou cantar com um golo, a equipa de José Mota começou a hipotecar as suas próprias chances aos 12’, quando Jander viu um primeiro cartão amarelo (escusado) por protestos.
Os falhanços iniciais e o despertar portista fizeram o resto, consubstanciado com o primeiro grande golo de Casemiro, aos 36’. No minuto seguinte, o trigésimo sétimo, deu-se um precoce ponto final no jogo, com Jander a ver o cartão vermelho por falta sobre Brahimi. A jogar com menos um elemento e a perder diante do FC Porto, o Gil Vicente dificilmente podia aspirar a mais para a fria noite de sábado em Barcelos.
A postura mais concentrada, objetiva e competitiva dos dragões a partir dos 20 minutos mudou o que podia ter sido um jogo complicado para o FC Porto. Com a equipa na máxima força - antes da partida do argelino Brahimi para o CAN’2015 -, Julen Lopetegui viu a sua equipa partir para uma boa exibição, com momentos de pura classe e que passaram quase sempre pelos pés de Óliver, Jackson e até de Bruno Martins Indi.
E foi pelo calcanhar do defesa que o FC Porto chegou ao 2-0, com um inteligente gesto do internacional holandês aos 55 minutos. O Gil Vicente perdera a compostura e posicionamento defensivo que limitara inicialmente o FC Porto, que agora tinha espaço e facilidade para fazer quase tudo.
O tempo corria a favor dos golos portistas e aos 70’ foi a vez de Brahimi fazer o 0-3, com um remate seco e certeiro, no lugar do ponta de lança, após cruzamento de Danilo. Mais uma vez, tão simples que parecia fácil.
Houve tempo até para uma desatenção da defesa, nomeadamente de Alex Sandro, que voltaria a errar mais tarde, ao ser expulso. Os dragões deixaram escapar Vítor Gonçalves para este assinar o golo de honra gilista, aos 77’, num remate colocado perante a boa oposição de Fabiano. Estava feito o 1-3 em Barcelos, num prémio justo para a réplica esforçada do ‘lanterna vermelha’ da Liga.
O percalço não comprometeu a seriedade da atuação dos dragões, que, longe de baixarem o ritmo, procuraram mais golos para alegrar os adeptos. Assim tentaram, assim conseguiram. O 1-4 chegou pelos pés de Óliver, numa finalização de classe do médio espanhol sobre o guardião Adriano.
Nos derradeiros minutos, Jackson Martinez ‘picou o ponto’ na goleada portista com um belo remate à entrada da área gilista e assinou o 79º golo com a camisola do clube azul e branco. Um registo que o eleva ao segundo lugar da lista de goleadores estrangeiros do clube.
Terminava desta forma uma noite fria que se tornou mais quente com os golos do FC Porto e com a atuação pincelada por momentos de pura inspiração. Se é certo que Brahimi vai deixar saudades na sua ausência ao serviço da seleção argelina, não é menos certo que qualidade não falta no balneário portista para continuar na corrida pelo título.
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