A discussão do processo de acusação a Emílio Macedo da Silva, presidente entre 2007 e 2012 do Vitória de Guimarães, da I Liga portuguesa de futebol, revelou hoje, na segunda sessão do julgamento, dívidas de perto de 1,9 milhões de euros de IRS e IVA.

O inspetor da Autoridade Tributária (AT) António Riço, presente no Tribunal Judicial de Guimarães enquanto testemunha, avançou que o clube falhou a liquidação do IRS dos meses de julho a dezembro de 2011, num valor de cerca de 1,3 milhões de euros, bem como a do IVA dos meses de setembro e outubro de 2011 e de janeiro e fevereiro de 2012, num total de 604 mil euros.

O testemunho do responsável da AT pode, contudo, vir a não ter efeito na decisão final do julgamento, após solicitação do advogado do Vitória, Rui Teixeira e Melo, nesse sentido, em virtude do "desconhecimento total e absoluto", a seu ver, demonstrado, apesar dos números referidos se encontrarem no processo, com o Ministério Público pediu um "prazo de cinco dias" para se "pronunciar sobre o depoimento da testemunha em causa".

João Cardoso, presidente da Assembleia-Geral do clube entre 2010 e 2012, reconheceu que o clube, em 2011, entrou numa "espiral recessiva" e deixou de obter "fontes de financiamento" em virtude da pior "relação entre sócios e direção", depois de Emílio Macedo da Silva, até aí ter sempre cumprido com as obrigações e ter melhorado a situação financeira do clube no início da presidência, em 2007, com dois empréstimos bancários num total de três milhões e 200 mil euros.

O diretor comercial da altura, José Luís Machado, confirmou também que a publicidade, que dava "um encaixe significativo ao clube", ficou, em 2011, mais difícil de angariar, ao passo que José Pereira, atual presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF) e diretor desportivo, admitiu que os salários em atraso aos futebolistas levaram os vitorianos a uma situação de "ingovernabilidade".

O julgamento da acusação do crime de abuso de confiança fiscal ao antigo presidente vimaranense e ao vice-presidente para a área financeira entre 2010 e 2012, Luciano Baltar, que compareceu, mas não prestou declarações, prossegue a 17 de maio.