O antigo presidente do Benfica João Vale e Azevedo pediu hoje ao tribunal que acabe o seu julgamento por alegada apropriação de quatro milhões de euros do clube, verba resultante de transferência de jogadores.
Vale e Azevedo sublinha que deve «ser dado sem efeito» o número de sessões já marcadas e pede que se proceda «ao arquivamento dos autos», invocando que «não pode ser sujeito a procedimento penal por infração praticada em momento anterior» à sua extradição para Portugal, a 12 de novembro.
O requerimento em que Vale e Azevedo pede que «cessem as sessões» da 3.ª Vara do Tribunal Criminal de Lisboa foi entregue hoje, pela advogada Luísa Cruz, ao coletivo de juízes presidido por José Manuel Barata, antes da quinta sessão do julgamento.
Antes de decidir se aceita o requerimento do presidente do Benfica de 1997 a 2000, o coletivo de juízes concedeu o prazo de 10 dias para o advogado do clube José Manuel Marchueta analisar o documento e pronunciar-se.
Na sessão de hoje, a quinta, foram ouvidas duas testemunhas, indicadas pelo Ministério Público, enquanto uma terceira, um inspetor das Finanças, foi convocada erradamente, por troca de nome.
Artur Silva, também inspetor das Finanças, envolvido na peritagem realizada no âmbito dos processos Ovchinnikov e Euroárea, revelou que Vale e Azevedo, na qualidade de credor do Benfica, inscreveu pagamentos de índole pessoal na conta-corrente que apresentou ao clube.
O inspetor aposentado disse que Vale e Azevedo inscreveu na conta-corrente, até à conclusão do processo Ovchinnikov/Euroárea, «o pagamento às Finanças de IRS pessoal e familiar», "o iate", «'caterings' contratados à firma da sua mulher» e «serviços de empresas», que o Benfica não adjudicou.
A perícia revelou ainda, como salientou a testemunha, «receitas fictícias» na sociedade de advogados, que era titulada por Vale e Azevedo.
A outra testemunha, José O'Neill, membro da direção de Vale e Azevedo de outubro de 1997 a junho de 1998, referiu que, «nas reuniões de direção, os vice-presidentes pediam informações sobre as contas do clube», mas referiu que o então presidente «não permitia o acesso».
Neste processo, Vale e Azevedo é acusado de peculato, branqueamento de capitais e falsificação de documento, nas transferências dos futebolistas britânicos Scott Minto e Gary Charles, do brasileiro Amaral e do marroquino Tahar El Khalej.
As próximas sessões estão marcadas para 15 e 22 de janeiro, com a audição de um total de nove testemunhas de acusação.
Vale e Azevedo, que esteve durante quatro anos e meio em Londres, a aguardar extradição para Portugal, encontra-se preso no Estabelecimento Prisional da Carregueira, em Sintra.
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