Rui Águas afirmou que não irá fazer grandes alterações nos convocados de Cabo Verde, para o duplo compromisso com o Níger e a Zâmbia, de apuramento para o CAN2015. O técnico português que comanda os Tubarões Azuis disse, em entrevista ao SAPO Desporto, que irá apostar nos jogadores que tem sido habitualmente chamados, sem descurar um ou outro atleta que deverá fazer a sua estreia na seleção cabo-verdiana de futebol.
"Não seria coerente nem inteligente da minha parte fazer alterações de fundo. O trabalho que tem vindo a ser feito é bom, pretendemos continua-lo e, se possível, melhora-lo, mas nesta fase inicial vamos trabalhar com aquilo que tem sido a base da seleção. Temos feito um trabalho de pesquisa de jogadores que ainda não jogaram na Seleção de Cabo Verde, pode haver uma ou outra exceção que poderemos utilizar. Mas é preciso cuidado com este tipo de integração, é preciso cuidado com a vontade do jogador. As vezes há jogadores com valor mas não têm o espírito de quem quer realmente representar a seleção. Além do talento, damos muita importância a vontade do jogador", sublinhou o selecionador de Cabo Verde.
Apesar de estar há pouco tempo à frente da Seleção de Cabo Verde, o antigo avançado do Benfica e da Seleção de Portugal diz ser conhecedor do futebol cabo-verdiano e dos jogadores que são habitualmente chamados para os Tubarões Azuis. Mesmo assim, Rui Águas fez questão de falar com os anteriores selecionadores de Cabo Verde para conhecer melhor os jogadores.
"Quando parto para um novo projeto, procuro sempre contactar os meus antecessores. Foi o que fiz, falei com o Lúcio [Antunes] e com o João de Deus de maneira a receber informações importantes, conhecer a equipa e jogadores. Quem trabalhou com eles diretamente pode ter pormenores que por vezes nos escapa, daí a necessidade de me identificar o mais possível com os jogadores, como são fora e dentro do campo... Essa busca pelo conhecimento dos jogadores é fundamental", acrescentou o antigo avançado.
Além da qualificação para o CAN2015, Rui Águas terá a missão de ajudar na formação de treinadores e melhorar a organização das competições internas. O técnico está preocupado com o facto de Cabo Verde não competir nos campeonatos africanos de sub-17 e sub-20 mas diz que tudo fará para recuperar o atraso que o país leva neste aspeto.
"A realidade leva-nos a pensar que há um atraso que é preciso preencher no futebol de formação jovem. As seleções regionais e nacionais de escalões mais baixos, as seleções das diferentes ilhas, serão assuntos que teremos de tratar com muita atenção", apontou Rui Águas, que também falou das suas ideias sobre a organização das provas nacionais.
"Vamos reunir e pensar com muito cuidado, naquilo que é mais coerente, tendo em conta também o fator económico. A questão das viagens é muito importante, os preços [dos bilhetes aéreos entre ilhas] são altíssimos, não podemos deixar de lado esse fator. Tentaremos baixar o preço das viagens em acordos com as companhias aéreas e a partir daí ver o que é possível fazer em termos de competição, sem elevar os encargos de maneira que não se justifica. Outro dado importante é o facto de a maior parte dos campeonatos começar em outubro, o que não faz muito sentido. Imaginemos que há jogadores em Cabo Verde com capacidade e qualidade para serem convocados [para a Seleção], nessa altura seria impossível fazer uso desses atletas", apontou.
A seleção cabo-verdiana de futebol irá concentrar-se a partir do dia 31 de agosto em Lisboa, onde dará início a preparação do duplo compromisso de acesso ao CAN2015. Os Tubarões Azuis jogam fora com o Níger a 6 de setembro e no dia 10 recebem a Zâmbia, numa partida que deverá marcar a estreia do novo Estádio Nacional de Cabo Verde.
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