A Polícia Judiciária (PJ) cabo-verdiana está a investigar suspeitas de corrupção na federação de futebol do país, nos mandatos de Mário Semedo e de Vítor Osório, informou hoje o presidente da Comissão de Gestão desse órgão, Mário Avelino.
Em conferência de imprensa, Mário Avelino informou que a comissão de gestão recebeu "há dias" um documento da Sessão Central de Investigação à Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira da PJ a pedir, entre outros, o relatório de atividades de 2015.
O dirigente indicou que se trata de um relatório do primeiro ano de mandato de Vítor Osório como presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF), em que consta o desaparecimento de 700 pares de equipamentos no período de gestão de Mário Semedo.
Em agosto, após ser destituído do cargo, Vítor Osório disse que havia "máfia" na FCF e denunciou sumiço de mais de 700 equipamentos, patrocinados pela empresa portuguesa Lacatoni, e que disse nunca chegaram ao destino e não se conseguiu encontrar o rasto.
Na mesma altura, Mário Semedo desmentiu o desaparecimento dos equipamentos da seleção, referindo que foi uma novidade também para ele, já que em mais de dois anos no cargo nunca tinha essa informação por parte do Vítor Osório e da direção que presidia.
Na conferência de imprensa, Mário Avelino informou que a PJ cabo-verdiana solicitou ainda documentos relativos a um contrato de arrendamento entre Mário Semedo, a empresa Locatoni e três outras partes.
O dirigente, que agora termina funções para a realização de eleições antecipadas, informou ainda que a PJ pediu igualmente documentos sobre a relação de importação feita em nome da FCF por uma loja de venda de equipamentos na cidade da Praia.
"Tudo isso para dizer que as gestões passadas estiveram em atos que é no mínimo um pouco obscuro, caso contrário a PJ não investigava ninguém. Isso tem de ser esclarecido", afirmou.
Mário Avelino foi mais além, dizendo que a PJ deve investigar o caso "Tunísia", em que Cabo Verde, após ganhar em campo por 2 - 0, perdeu na secretaria, por utilização irregular de um jogador, em partida das eliminatórias de acesso ao Mundial2014, realizado no Brasil.
"Há fortes indícios que há ilícitos neste ato e que a opinião pública não foi esclarecida até hoje", prosseguiu, pedindo também uma auditoria interna por parte do Ministério da Finanças "para apuramento de toda a verdade relacionada com a gestão danosa da FCF".
Mário Avelino dirigiu a FCF após a destituição, em agosto, da então direção liderada por Vítor Osório, por causa da polémica em torno do campeonato nacional.
Em Assembleia-Geral realizada no domingo, as associações regionais marcaram a eleição do novo presidente do órgão que rege o futebol cabo-verdiano para o dia 28 deste mês.
Já há vários nomes que manifestaram disponibilidade em concorrer ao cargo de presidente da FCF, entre eles o próprio Mário Avelino, José Mário Correia e Celestino Mascarenhas.
Para ser candidato ao órgão máximo do futebol cabo-verdiano é preciso ter a subscrição de pelo menos três das 11 associações regionais.
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