Ilídio Vale considera que a seleção portuguesa de futebol precisou de coragem para ultrapassar a ideia que 99 por cento dos portugueses tinha antes do início do Mundial de sub-20.

Em entrevista à Agência Lusa, o treinador que conduziu Portugal à final do Mundial da Colômbia, perdida para o Brasil (2-3, após prolongamento), disse que conseguiram inverter a ideia de «um país que não confiava nas qualidades desta seleção».

«Quando falei em geração coragem foi porque sabia que 99 por cento dos portugueses não confiavam nesta seleção, neste grupo de jogadores. Portanto, acho que foi necessária coragem para invertermos a opinião que os portugueses tinham, tanto os adeptos, como os especialistas em análise desportiva», afirmou.

Para Ilídio Vale, «a grande estrela deste Mundial foi a equipa portuguesa, o seu coletivo», preferindo não destacar qualquer jogador, mas lembrando que teve dois jogadores nomeados para melhor jogador do torneio e que Mika foi eleito o melhor guarda-redes.

«Quando precisámos da ajuda dos portugueses, eles não nos deram, porque estavam distraídos daquele que foi o trajeto desta seleção. É uma mágoa com que ficámos. Não me parece justa a desconfiança que, em especial os órgãos especializados, tiveram em relação a esta seleção», lamentou.

De acordo com o técnico, «no futebol, como na vida, não há segredos, há trabalho, há convicções», dizendo que procuraram «investir num trabalho de qualidade, porque nos espaços de seleção nacional deve-se procurar sempre a excelência».

«Sabíamos que se fizéssemos esse trabalho bem estaríamos mais próximo do nosso grande objetivo, que era fazer um grande mundial e disputar o último jogo do Mundial. Tínhamos essa convicção, sabíamos que era possível e foi nisso que acreditámos desde o início», admitiu.

Ilídio Vale referiu que queria uma equipa «competitiva e eficaz», garantindo que jogou com «a filosofia de jogo» de Portugal, mas que foram «pragmáticos» e tiveram «a lucidez de perceber o que significa um campeonato do Mundo».

«Se jogássemos um estilo de futebol que é muito bonito, mas não é eficaz, não sei qual seria a opinião que tinham sobre nós. Como líder, a mim competia-me perceber que queríamos promover o futebol do país, os jogadores e o próprio país. Somos capazes de ser tão bons como os melhores», disse.

Em relação à final, Ilídio Vale considera que «faltou um pouco de sorte», que surgiu noutros jogos, embora «sempre merecida».

«Em todos os jogos merecemos vencer, incluindo o jogo com a Argentina, em que fomos felizes nos penaltis, mas antes deveríamos ter ganho, porque fomos melhores. Em todos os jogos, Portugal foi no mínimo tão competente como os adversários», considerou.

Ilídio Vale deixou ainda um agradecimento especial ao presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Madail, e à sua direção, pelo confiança que lhe deram e por terem colocado à sua disposição tudo o que necessitava para preparar a prova.

O treinador agradeceu ainda o apoio que lhe foi dado pelo anterior e atual selecionadores portugueses, Carlos Queiroz e Paulo Bento, respetivamente.