O presidente da Associação de Futebol do Porto saiu satisfeito com o resultado da AG: «Foi a vitória do bom senso sobre o não bom senso, venceu de modo claro e inequívoco a razão contra a emoção e a legalidade e o direito contra a ilegalidade e o abuso de direito».

Para Lourenço Pinto, «ficou claramente demonstrado que havia uma intromissão abusiva do secretário de Estado no movimento associativo português e que todos os projectos não estão adequados ao que a FIFA e a UEFA impõe».

O dirigente portuense, que lamentou a manifestação de disponibilidade de recandidatura à presidência da FPF de Gilberto Madaíl, numa iniciativa promovida pela Liga, queixou-se ainda da «teimosia» de Laurentino Dias, a quem sugeriu que «tire as devidas ilações».

«Teimoso é o nome que se adequa a quem não quer perfilar-se no sentimento do direito. Não há leis imutáveis e quando se verifica publicamente que a lei está a violar frontalmente o que diz a UEFA e a FIFA não custava nada deitar mão e corrigi-la, para que a federação aprove os estatutos», acrescentou Lourenço Pinto.

O presidente da AF Leiria, Júlio Vieira, reivindicou que, para a aprovação, será necessário «algum ajustamento quanto à representatividade, com equilíbrio justo entre o futebol profissional e o não profissional», assegurando que este seria «aceite sem nenhum problema».

«A aprovação dos estatutos está efectivamente muito próxima, penso que só há três situações – os artigos 24 (eleição por método de Hondt), 35 (número de delegados na AG) e 37 (delegados dos sócios ordinários) – para as quais eu já tinha uma proposta e esperava ter condições para a fazer, mas era necessário que o projecto pudesse passar à especialidade», explicou, por seu lado, Horácio Antunes, presidente da AF Coimbra, que, apesar de ter votado contra o projecto, recusou encarar o chumbo como uma vitória, antevendo que «muito rapidamente» surja uma «proposta definitiva».

Uma posição corroborada pelo presidente da AF Braga, que admitiu que «ninguém pode estar contente com a não adequação dos estatutos da FPF ao Regime Jurídico das Federações Desportivas, mas que também não estão em conformidade com os estatutos da FIFA e da UEFA».

«Se houver vontade do senhor secretário de Estado rever a lei, que no domínio da composição da Assembleia Geral interfere com os direitos, liberdades e garantias que estão defendidas na Constituição da República», salientou Carlos Coutada.

A proposta de revisão dos estatutos da Federação Portuguesa de Futebol foi hoje chumbada na generalidade por «insuficiência de maioria qualificada» pelos sócios ordinários do organismo, em AG extraordinária.

Dos 500 votos, o total do quórum da reunião magna, 353 foram a favor, o que corresponde a 70,6 por cento, quando eram necessários 75,0 por cento, mais um, e 147 contra (29,4 por cento).