Política e futebol traçaram caminhos paralelos na vida de Carlos Marta, podendo acabar num cruzamento caso o marcador do golo da única vitória do Académico de Viseu sobre o Sporting vença a corrida à Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

«Carlos Marta tem uma cicatriz bem marcada no queixo porque um dia, num treino, um colega embrulhou-se à sua frente e rasgou-lhe a pele com a bota». A frase que abre o perfil do candidato à FPF, na sua página oficial, recorda uma longa carreira como futebolista profissional, que começou no Tondela (1972) e acabou no Mangualde (1988).

O presidente da Câmara Municipal de Tondela desde 2001, eleito na lista do PSD, que «chegou a ser um futebolista promissor», estreou-se nos seniores com apenas 15 anos, mediante uma autorização ministerial que lhe permitiu realizar cinco partidas no escalão dos adultos, na última das quais atingiu a glória ao marcar o golo que subiu o Tondela da II para a I Divisão Distrital.

No primeiro ano como sénior já estava na Académica de Coimbra, estreando-se num campeonato com figuras da dimensão de Damas ou Chalana, mas o salto para a I Divisão não se confirmou, porque Carlos Marta preferiu apostar no percurso académico, transferindo-se para Lisboa, onde estudou Educação Física no ISEF.

No entanto, a paixão pelo futebol falou mais alto e o Águas, como era conhecido em homenagem ao “encarnado” José Águas, acumulou os estudos com os jogos aos fins de semana pelo Tondela, primeiro, e pelo Académico de Viseu, depois. No clube do Fontelo atingiu o ponto mais alto da carreira, ao marcar o golo que deu a vitória sobre o Sporting, no Estádio José Alvalade, por 1-0.

Na despedida de um percurso de 17 anos no desporto “rei”, que ainda o viu atuar como médio ofensivo com as cores da União de Leiria, do Marítimo e do Mangualde, assumiu as funções de delegado da Direcção-Geral dos Desportos em Viseu, altura em que foi também diretor do Centro Desportivo de Lamego.

Foi vereador da Câmara de Tondela de 1989 a 1993 e repetiu funções no mandato de 1997 a 2001, no fim do qual foi eleito presidente, cargo que ainda exerce, e que culminou um período de dez anos como deputado na Assembleia da República.

Mesmo assim, o futebol nunca foi esquecido, com Marta, que foi colega de curso de Carlos Queiroz e Rui Caçador na licenciatura em Educação Física, especialização em futebol, a acumular a autarquia com a presidência da Associação de Futebol de Viseu, a liderança da Comissão Parlamentar de Fiscalização do Euro2004, a presidência do Conselho Superior do Desporto, entre 2002 e 2003, do Clube Desportivo de Tondela e da Casa do Benfica de Tondela.

Casado e pai de duas filhas, aos 54 anos decidiu avançar para a candidatura à presidência da FPF, concorrendo com Fernando Gomes, presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.