Carlos Queiroz decidiu apresentar na próxima semana uma queixa-crime contra o secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, e o presidente da ADoP, Luís Horta, disse à Agência Lusa fonte ligada ao ex-seleccionador.

A queixa-crime é fundamentada por alegados indícios de fraude processual no processo disciplinar interposto pela ADoP (Autoridade Antidopagem de Portugal), o qual, segundo a mesma fonte, “não continha nenhuma referência” a qualquer perturbação do controlo antidoping por parte do ex-seleccionador, o que indicaria “uma viciação à posteriori na acusação formulada contra este”.

A iniciativa do ex-seleccionador visa também o presidente do Instituto do Desporto de Portugal, Luís Sardinha.

Recorde-se que Carlos Queiroz foi suspenso por seis meses pela ADoP, por ter perturbado o normal procedimento do controlo antidoping efectuado a 16 de Maio no estágio da selecção na Covilhã, depois do CD da FPF não ter dado como provada essa acusação [apenas o puniu com um mês de suspensão por ter injuriado o presidente da ADoP, Luís Horta].

Carlos Queiroz aguarda ainda que o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS), sedeado na Suíça, única instância passível de recurso do castigo da ADoP, decida o seu pedido de suspensão da decisão da ADoP, o que deverá ocorrer dentro de dez a quinze dias.

Só depois de ser conhecida essa decisão do TAS, é que o ex-seleccionador avançará com o recurso para aquela instância superior.

Carlos Queiroz fez entrar um requerimento no Conselho Disciplina (CD) da FPF no sentido de este organismo ouvir o director federativo, Cerqueira Alves, no âmbito do processo disciplinar motivado pela entrevista ao Expresso, na qual acusava o vice-presidente Amândio de Carvalho de “ter posto a cabeça no polvo” numa acção concertada que visava o seu despedimento.

Cerqueira Alves teve um encontro com Carlos Queiroz e o seu adjunto, Agostinho Oliveira, num hotel em Aveiro, no dia da final da Supertaça entre o FC Porto e o Benfica, no qual teria dito, na presença daqueles, que Amândio de Carvalho o aliciara para votar contra a continuidade do ex-seleccionador.

“Esta versão foi confirmada pelo próprio Agostinho Oliveira numa reunião em casa de Carlos Queiroz na presença de vários técnicos da estrutura federativa”, disse à Agência Lusa um fonte ligada ao ex-seleccionador.

Entre os técnicos que ouviram, da boca de Agostinho Oliveira, na referida reunião, que Cerqueira Alves revelara a tentativa de aliciamento de que foi alvo por parte de Amândio de Carvalho, estavam António Simões, José Costa, Peixe, Oceano, Hélio, Peixe, Rui Bento, Ilídio Vale e Pedro Espinha – a totalidade do corpo técnico das selecções.

De resto, um deles, António Simões, já ouvido pelo CD, no âmbito deste processo, confirmou que Agostinho Oliveira afirmou na citada reunião em casa de Carlos Queiroz, que Cerqueira Alves denunciara a tentativa de aliciamento por parte de Amândio de Carvalho.

No entanto, Agostinho Oliveira, cujo relacionamento pessoal com Carlos Queiroz, entretanto, se degradou, desmentiu ao CD a versão de António Simões, razão pela qual o ex-seleccionador pretende agora que os técnicos que estiveram em sua casa e ouviram as palavras daquele, as confirmem ao órgão disciplinar da FPF.

Contactado pela Agência Lusa, Cerqueira Alves negou que tivesse dado conta a Carlos Queiroz e Agostinho Oliveira, no encontro de Aveiro, que Amândio de Carvalho o tivesse aliciado para votar contra o ex-seleccionador.