Uma longa carreira de treinador, com os pontos mais altos ao serviço do Benfica e da seleção, ajudam a fazer de Fernando Cabrita, que hoje morreu aos 91 anos, um dos históricos do futebol português.

Ao contrário de uma carreira menos mediática, mas promissora, enquanto jogador, foi como técnico que o algarvio deixou a sua maior marca, ao ser campeão pelo Benfica, num papel de interino, e ao estar numa das melhores seleções portuguesas.

Fernando Cabrita, sogro do também já falecido António Livramento, um dos maiores hoquistas portugueses, iniciou-se como técnico aos 31 anos, na fase final da sua carreira como jogador, no Unhais da Serra, mas seria no Benfica, quase numa única época, e na seleção que teria os maiores feitos.

Nos "encarnados", Fernando Cabrita até começou nas reservas, mas, corria a época de 1967/68, quando o presidente Adolfo Vieira de Brito o chamou para assumir papel principal, face à saída de Fernando Riera e antes da chegada de Otto Glória.

Ao leme das "àguias" em grande parte das jornadas, o título caberia numa boa quota-parte ao técnico algarvio, que, anos mais tarde, em 1973/74, voltaria a ser chamado como "pronto-socorro" da equipa, em substituição de Jimmy Hagan, mas sem sucesso (seria segundo no campeonato).

Na seleção, Fernando Cabrita, que também foi internacional por sete vezes, fez parte da comissão que orientou Portugal no Euro84, num grupo de que também fizeram parte José Augusto, o já falecido Morais, e Toni.

O grupo, formado em muito por um contingente de jogadores do Benfica e do FC Porto, atingiria as meias-finais, nas quais Portugal acabou derrotado pela anfitriã França, de Michel Platini, por 3-2, após prolongamento.

Fernando Cabrita, que recebeu em 1985 a distinção de Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, passou ao lado, como jogador, dos “grandes” do futebol português, recusando-se durante algum tempo a sair da sua região natal, o Algarve.

A primeira mudança aconteceu já perto dos 28 anos, quando assinou pelos franceses do Angers, nos quais esteve duas épocas, antes de voltar para Portugal e representar o Sporting da Covilhã e o Portimonense, nos quais foi treinador e jogador.

Depois disso, e além de Benfica e da seleção, orientou vários clubes em Portugal, numa longa carreira de 38 anos no "banco", com passagens por clubes como o Portimonense, União de Tomar, Beira-Mar, Rio Ave, Estrela da Amadora, Académico Viseu ou os marroquinos do Raja Casablanca, entre outros.