O treinador Manuel José defendeu hoje que Fernando Santos foi a melhor escolha para o cargo de selecionador português de futebol e entende que a sua tarefa principal será conciliar a renovação com os resultados.
“É a escolha claramente mais apropriada. Olhando para o perfil de selecionador de que a seleção necessita, acho que o Fernando Santos reúne todas qualidades para poder fazer um bom trabalho, um bom trabalho duplo, que é conseguir chegar ao Campeonato da Europa com 40% da seleção renovada”, disse à Lusa o técnico.
Destacando a “competência mais do que suficiente, a sua “longa experiência”, o “trabalho excelente com a seleção grega”, o “caráter e autoridade” e o respeito que merece dos jogadores, o antigo treinador de Benfica e Sporting, entre outros, sublinhou que Fernando Santos é “aquele que melhor perfil tem para qualificar a seleção para o Euro2016 e conseguir ir fazendo tranquilamente a renovação de alguns lugares”.
“Portugal tem três hipóteses, duas diretas e uma através do ‘play-off’, de estar presente no Campeonato da Europa de França, mas é verdade que deve produzir 40% de alterações na seleção (...). Se quisermos fazer uma renovação sem resultados, a federação que diga: ‘esqueçam o Europeu de 2016 e vamos concentrar-nos no Mundial, daqui por quatro anos’. Aí pode-se fazer a renovação tranquilamente, quase 70%, e não importam os resultados, mas seria uma asneira”, sublinhou.
Manuel José pensa que essa é a também visão federativa, lembrando que antes do arranque da qualificação para o Euro2016, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, disse que era “crucial” Portugal estar no Euro2016.
“Se é fundamental para a federação – esse fundamental tem a ver com questões de ordem financeira e de prestígio também – ele vai exigir a Fernando Santos que a seleção se qualifique. E Portugal vai qualificar-se inevitavelmente. Acho que até com Paulo Bento se qualificava”, referiu.
Na sua opinião, com a ressalva de que não tenciona criticar Paulo Bento, houve “um erro crasso” na derrota com a Albânia (2-1) – “uma coisa impensável” – ao tentar fazer-se uma “renovação impensada”. “Esqueceram-se de que era fundamental ganhar este jogo para que se fizesse uma paz relativa com o povo português depois do que aconteceu no [Mundial do] Brasil”, explicou.
“Inteligente como é e com a experiência que tem, [Fernando Santos] não vai fazer uma renovação à toa sem esquecer os resultados”, acrescentou Manuel José, sublinhando que a suspensão de oito jogos que pende sobre o novo selecionador “é uma desvantagem relativa”.
“É fundamental que haja ordem e disciplina, mas acima de tudo que haja respeito pelo treinador, neste caso pelo selecionador. Ele tem isso. Portanto, os jogadores não vão ser menos rigorosos em termos táticos, não vão ser menos aplicados, não vão desvirtuar a estratégia que se monte para cada jogo, o perfil competitivo, as rotinas que se criam só porque está na bancada”, defendeu.
Sobre a hipótese de Idílio Vale poder ocupar o lugar de Fernando Santos ao longo de praticamente toda a campanha de qualificação, Manuel José diz que aquele “tem um trabalho feito nas camadas jovens das seleções que responde por ele” e que o mais importante é ter “capacidade de ler o jogo tão rápido como o selecionador, que está á distância, e tomar decisões de acordo com aquilo que Fernando Santos vai transmitir”.
Fernando Santos, de 59 anos, vai ser apresentado na quarta-feira como selecionador de Portugal, depois de ter orientado a Grécia nos últimos quatro anos, contando ainda passagens por clubes como Estoril-Praia, Estrela da Amadora, FC Porto, Sporting e Benfica, em Portugal, AEK Atenas, Panathinaikos e PAOK Salónica, na Grécia.
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