Fernando Santos, que abandonou hoje o cargo de selecionador português de futebol, deixou como legado as históricas conquistas do Europeu2016 e da edição inaugural da Liga das Nações, em 2019, os dois primeiros troféus internacionais de Portugal.
No cargo desde 2014, quando sucedeu a Paulo Bento, Fernando Santos despede-se da equipa das ‘quinas’, aos 68 anos, na sequência da eliminação nos quartos de final do Mundial2022, no Qatar, perante Marrocos (1-0), uma derrota difícil de aceitar, apesar de ter sido a terceira melhor prestação de Portugal na maior prova global de seleções.
Não obstante, o técnico ficará eternizado na história do futebol português, através das conquistas que ninguém antes dele conseguiu obter, aproveitando a grande qualidade que teve ‘em mãos’ durante pouco mais de oito anos ao serviço da equipa portuguesa, com a qual totalizou 67 triunfos em 109 encontros, tornando-se recordista em ambos.
Embora nunca consensual pelos adeptos lusos, face às críticas ao estilo ‘conservador’ – que recusava ter -, Fernando Santos logrou vencer logo no seu primeiro teste de ‘fogo’, o Europeu2016, arrebatado de empate em empate, à exceção do jogo das meias-finais.
Portugal empatou todos os jogos do grupo, face a Islândia (1-1), Áustria (0-0) e Hungria (3-3), e, ‘bafejado’ pela sorte, qualificou-se como terceiro classificado – na primeira vez em que isso foi possível -, e derrotou Croácia (1-0, após prolongamento), Polónia (1-1, 5-3 nas grandes penalidades) e País de Gales (2-0), até Éder virar ‘herói’ na final, diante da França, e apontar o golo que derrotou a seleção anfitriã, aos 109 minutos do duelo.
Fernando Santos ganhou ‘crédito’ junto dos adeptos com o maior feito do futebol luso, mas as críticas voltariam à tona no Mundial2018, com a eliminação aos pés do Uruguai nos oitavos de final (2-1), ronda precoce do torneio para o campeão europeu vigente.
A mais jovem competição continental de seleções, a Liga das Nações, teve a sua edição inaugural no ano seguinte e Fernando Santos assumiu desde logo a intenção de vencer o cetro, o que conseguiu, ainda por cima numa ‘final a quatro’ disputada em Portugal, desta vez resolvido com um golo de Gonçalo Guedes, frente aos Países Baixos, por 1-0.
Visto por muitos como o melhor conjunto de jogadores de sempre, a seleção nacional voltaria a ‘fracassar’ no Euro2020, disputado em 2021 devido à pandemia de covid-19, com nova ‘queda’ nos ‘oitavos’, agora perante a Bélgica (1-0), depois de ultrapassar o grupo, mais uma vez, no terceiro posto, atrás da líder França e da Alemanha, segunda.
Este ano, no Mundial2022, para o qual teve de se apurar através do ‘play-off’, uma vez que perdeu a qualificação direta para a Sérvia, Fernando Santos assumiu o objetivo de voltar a fazer história e tornar Portugal, pela primeira vez, campeão do mundo, mas o sonho esbarrou na ‘surpresa’ Marrocos, numa edição marcada por várias polémicas à volta de Cristiano Ronaldo, que viria mesmo a perder a titularidade na fase a eliminar.
Antes de assumir o cargo em Portugal, Fernando Santos tinha-se tornado um treinador de referência na Grécia, ao comandar o AEK Atenas (onde venceu uma Taça da Grécia, em 2001/02), o Panathinaikos e o PAOK Salónica, até chegar à seleção helénica, que treinou durante quatro anos e levou, em fases finais, ao Euro2012 e ao Mundial2014.
Fernando Santos e a Grécia alcançaram os quartos de final do torneio europeu, onde ‘caíram’ frente à Alemanha (4-2), após um apuramento sem derrotas, e aos ‘oitavos’ do Mundial, disputado no Brasil, eliminados nas grandes penalidades pela Costa Rica.
Intercaladas com as aventuras em solo grego, Fernando Santos assumiu os cargos de treinador de Sporting e Benfica, fazendo com que se tenha tornado apenas o quarto a orientar os três ‘grandes’, pois já tinha assumido a alcunha de ‘engenheiro do penta’ no FC Porto, ao concluir, no último dos cinco anos (1998/99), o feito inédito dos ‘azuis e brancos’, adicionando duas Taças de Portugal e duas Supertaças Cândido de Oliveira.
Para além dos ‘grandes’ - um pleno no qual se juntou a Jesualdo Ferreira, ao brasileiro Otto Glória (que também orientou a seleção portuguesa) e ao chileno Fernando Riera -, Fernando Santos passou pelo Estrela da Amadora, tendo iniciado a carreira no Estoril Praia, onde transitou, em 1986/87, de defesa central para a equipa técnica do clube.
Com raízes familiares na localidade de Sorgaçosa, pertencente ao concelho de Arganil, Fernando Santos licenciou-se em engenharia eletrónica e telecomunicações, em 1977, durante a sua carreira de futebolista, onde conquistou a segunda divisão, pelo Estoril.
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