Numa intervenção sobre “Desporto e Substâncias Dopantes”, realizada no âmbito do IV Ciclo de Palestras do Núcleo de Estudantes da Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve, Jones afirmou que «a Federação Internacional de Futebol apanhou 0,05 por cento de atletas» com doping e «já se questiona se se deve gastar tanto dinheiro em controlos antidoping».
«Não existe indícios de recurso a doping para melhorar a performance no futebol e os poucos casos são praticamente todos de drogas sociais», acrescentou.
Segundo Jones, «já há quem se questione se vale a pena gastar tanto dinheiro em controlos antidoping constantes quando há tanta fome no Mundo», uma vez que cada controlo custa acima de um milhar de euros, «sendo preferível investir nos controlos surpresas, uma vez que os atletas com estatuto de alta competição podem ser controlados em casa a qualquer altura».
«É necessário haver uma racionalização e custos», defendeu, frisando que o «futuro do doping é o doping genético, cuja identificação é difícil».
Jones alertou que a generalização de substâncias dopantes em ginásios «é uma das principais preocupações dos médicos desportivos e da comunidade médica em geral» devido aos «perigos que estas substâncias acarretam para a saúde dos consumidores».
Para o médico da selecção, «são três os principais grupos de substâncias dopantes que inspiram preocupação, os estimulantes, os anabolizantes e os corticóides».
O segundo grupo é aquele que «mais tem chamado a atenção no desporto e tem efeitos ao nível da resistência, da massa muscular e da capacidade de treino, sendo um dos efeitos secundários o aumento da agressividade, que em alguns desportos pode ser vantajoso».
«Tumores, alterações de personalidade, redução dos testículos, esterilidade são cada vez mais frequentes nas pessoas que recorrem a estas substâncias. Cada vez mais jovens começam a tomar anabolizantes. Há jovens adolescentes, baixos, com corpos cada vez mais fortes e com crescimento cada vez mais comprometido», afirmou.
O objectivo é «melhorar a sua imagem junto do grupo», segundo Henrique Jones, frisando que no desporto de competição está em causa a «atracção pelo pódio a qualquer preço, acima da saúde e da vida».
«Há pressão de dirigentes, treinadores, dos próprios médicos e dos fãs, pressão para êxito, que traz dinheiro e há muita gente a ganhar com a indústria do desporto», acrescentou.
No âmbito do desporto de competição, Jones disse que há atletas com «ambição desmedida» e que «roçam o patológico» por causa da «carreira, resultados, dinheiro e doping».
«Eu costumo esquiar, e subir ao Alpe d’Huez de carro ou autocarro mete medo, quanto mais de bicicleta», afirmou, referindo-se ao ciclismo, frisando que «estes indivíduos são super atletas e é difícil resistir ao doping».
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