O ex-presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Hermínio Loureiro, defendeu esta segunda-feira que o Estado deve intervir na resolução do impasse criado na Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

Em declarações aos jornalistas em Castro Daire, antes de um debate sobre o estado do futebol português, Hermínio Loureiro disse que «quanto menor for a intervenção do Estado no fenómeno desportivo, melhor funciona» o desporto.

«Mas, há momentos de limite onde o Estado precisa de intervir e eu acho que este é um momento onde o Estado vai ter de dar sinais muito fortes, porque, infelizmente, semana após semana, os próprios dirigentes não encontram as soluções», justificou.

Hermínio Loureiro reconheceu que «tem havido melhorias», o que considera «um bom sinal», mas «há que limar algumas arestas» para que se resolva o impasse criado pelo facto de a FPF continuar sem adaptar os estatutos ao novo Regime Jurídico das Federações Desportivas.

«Eu acho que o bom senso irá prevalecer e o futebol vai entrar na lei», frisou.

Neste âmbito, disse entender que é importante que o ministro da tutela, Pedro Silva Pereira, vá ao Parlamento debater este assunto, como pediu o PSD.

«Ele tem tido um silêncio ensurdecedor. Acho que é importante que ele agora possa exprimir a sua opinião, até para saber qual é o seu pensamento sobre a matéria», afirmou.

O antigo secretário de Estado do Desporto lembrou que «o futebol é uma modalidade extraordinária», lamentando que tenha «problemas de secretaria que se dispensavam perfeitamente quando no jogo jogado dentro das quatro linhas o futebol corre bem».

Loureiro frisou que «estão a marcar-se mais golos do que nas outras épocas» e que «está a haver mais espectáculo».

Registou com agrado que, nos últimos dias, tenha havido «um conjunto significativo de dirigentes» que têm contribuído para que seja encontrada uma solução, mas lamentou a atitude daqueles que «resistem, ou por birras, ou por caprichos pessoais».

Por isso, sublinhou que «o bom senso é fundamental nestes momentos» em que «não pode haver vencedores e vencidos» e o futebol tem de entrar na lei.

«O futebol, até pela sua grandeza, tem que dar o exemplo, não pode estar nem acima, nem fora da lei, tem que estar dentro da lei. É uma regra básica num Estado de direito», acrescentou.

A não adequação dos estatutos arrasta-se desde 31 Dezembro de 2008 e levou o secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, a suspender em Abril de 2010 o estatuto de utilidade pública da FPF, sem prejuízo, para já, da actividade das selecções e dos clubes nacionais.