“Tinha uma fractura no pé esquerdo que não foi diagnosticada e agravei essa lesão durante o Campeonato do Mundo. A partir daí, foi só andar para trás”, afirmou à agência Lusa o agora treinador dos juniores do Arrifanense, do Campeonato Distrital de Aveiro.

Depois de ter abandonado o futebol precocemente, Luís Miguel, que está desempregado há “um ano e meio” devido à insolvência da empresa onde era comprador de cortiça, admite que deverá ser o único que recorda este Mundial com “tristezas além das alegrias”.

“A selecção de Lisboa é de extremos. Tem o Figo, o Rui Costa e o João Pinto e depois o Cao, o Toni e eu... Foi o destino! Eu consegui um título que todos desejam, foi espectacular fazer parte do grupo, mas depois pouco joguei e nunca mais fiquei a 100 por cento, por isso digo que só andei para trás”, sublinhou.

Então avançado do Rio Ave por empréstimo do FC Porto, Luís Miguel depois vestiu as camisolas do Gil Vicente, União de Lamas e Cucujães.

Mesmo só tendo “feito três ou quatro treinos” durante o estágio no Algarve que precedeu o Mundial, Luís Miguel foi suplente utilizado em dois jogos na fase final e recorda-se de ter feito a assistência para Toni selar o triunfo, por 3-0, frente à Argentina.

“Ainda voltei a jogar frente à Coreia do Sul, mas não estava melhor. O professor Queiroz dizia-me que eu jogava, nem que fosse com gesso, e, na final, ainda me pediu para aquecer. Eu olhava para o estádio cheio e não me doía nada, mas depois cai em mim e vi que não conseguia”, recordou, lembrando-se ainda que festejou o título Mundial com uma estada em Lisboa, na companhia de Peixe e Capucho.

Assumindo-se “um bocado triste”, porque “podia ter jogado mais anos”, o esquerdino assegura estar entusiasmado com o seu regresso ao futebol: “Estou a começar, para ver o que o futebol me pode dar. Foi sempre a minha vida, mas estive cinco ou seis anos chateado e afastei-me”.

“O balneário diz-me muito e toda a gente me diz que tenho muito para dar”, frisou Luís Miguel, acrescentando alguma ansiedade pelo reencontro com os restantes elementos da selecção, que “há 20 anos era como uma família”.