Em Genebra há um ‘bunker’, onde irredutíveis lusitanos sofrem como poucos pela pátria, o Olá Portugal, uma associação que de sexta-feira a domingo oferece aos compatriotas o “melhor do país, incluindo o futebol”.

“Sempre que a bandeira portuguesa sobre a um mastro, os nossos olhos reluzem. Desta vez, felizmente, vamos poder voltar a ter a seleção connosco. Na segunda-feira, com a Holanda, o Estádio de Genebra vai ser uma grande casa portuguesa”, garante à Lusa Paulo Sampaio, um dos proprietários deste projeto.

É na cave do número 91 da rua de la Servette que, desde há quatro anos, o futebol faz parte do menu que “une os portugueses”, que também vêm “em busca do convívio, música lá da terra e, claro, da boa comida”.

“Com a Holanda não quero sofrer o mesmo como contra o Egito. Não havia necessidade. Desta vez temos de entrar para resolver logo. O meu coração não aguenta outro jogo assim”, confessa, antes de soltar contida gargalhada.

É hora de jantar e não tarda as mesas estão lotadas, destacando-se um grupo de cerca de 30 elementos, de diversas gerações, que só no sábado conseguiu festejar o Dia da Mulher, celebrado a 08 de março.

“Só hoje é que foi possível juntar toda a gente. Todas gostamos muito de Portugal, mas, na verdade, não queremos saber muito de futebol. Não deixamos de saber o nome de alguns jogadores, porém a maioria liga bem mais a outras coisas”, diz Maria Teresa, logo abrindo acalorada discussão entre as que gostam e as que são quase indiferentes à seleção.

Entretanto, o aroma a vitela assada e bifanas, os dois pratos do dia, já se passeia pela sala e não há mais conversa: “Agora é tempo de satisfazer a gula e celebrar a amizade”.

A música ao vivo é outra das formas como o Olá Portugal ajuda a “colar a comunidade lusa de Genebra” e, não tarda, confortado o estômago, a pista está cheia.

“Os emigrantes é que sentem o país como ninguém. Como bom amarantino, sou portista, mas a seleção está cima de tudo. Devia ser assim para todos os nossos compatriotas”, defende Fernando Monteiro.

O trabalhador na construção civil encontrou nesta casa “um ‘hobby’ de fim de semana e uma esposa”, já que se embeiçou “pelos encantos e comida” da cozinheira de serviço.

“Para nós é um grande orgulho ter cá a seleção, como aconteceu no Euro2008. Fomos o único país que obrigou as autoridades a cortar autoestradas para a seleção passar. Quer maior prova de amor do que isto?”, questiona.

Fernando garante que nesta associação das pessoas “vibram por Portugal como se estivessem no estádio” e afiança que “boa parte da clientela habitual” vai assistir ao desafio com a Holanda.

“Espero que seja um jogo menos complicado do que contra o Egito. Acredito que ganharemos por dois, três ou quatro a zero. Nesta seleção, ao melhor do Mundo, o nosso Cristiano Ronaldo, só juntava o Ricardo Carvalho e o Nuno Gomes. Com eles é que tínhamos uma seleção imbatível”, confia.

A 10 de julho de 2016, quando um golo de Éder no prolongamento da final do Europeu frente à anfitriã França valeu título inédito para o país, o Olá Portugal “mostrou-se” à comunidade.

“Além de termos equipas de futebol e atletismo e de ministrarmos cursos de dança, também temos um grupo de bombos. Saímos com eles para as ruas e tivemos 2000 pessoas atrás de nós. Já os temos preparados para a final do Mundial a 15 de julho. Queremos voltar a dar música ao mundo”, remata Paulo Sampaio.

Depois do 2-1 ao Egito, com ‘bis’ de Cristiano Ronaldo no tempo de descontos, na sexta-feira em Zurique, e do encontro com a Holanda em Genebra, a equipa lusa já tem agendados mais três jogos de preparação, com a Tunísia, em Braga (28 de maio), na Bélgica (03 de junho), e com a Argélia, em solo luso (07 de junho).

No Mundial2018, que decorrerá ma Rússia entre 14 de junho a 15 de julho, Portugal integra o Grupo B com a Espanha, o Irão, de Carlos Queiroz, e Marrocos.