O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) afirmou hoje que nunca deixou de «fazer aquilo que tinha a fazer ou negociar o que tinha de negociar» ao longo dos quase 16 anos no cargo, rejeitando ter sido influenciado.

Em entrevista à SIC Notícias, Gilberto Madail congratulou-se com a «evolução sem comparações» da indústria/modalidade em Portugal, mas admitiu ter cedido à «família do futebol» aquando da contratação do antigo selecionador Carlos Queiroz.

«Eu nunca senti esses poderes de influência ou qualquer tipo de pressão. Não deixei de fazer aquilo que tinha para fazer e negociar aquilo que tinha de negociar em pé de igualdade», disse, referindo-se aos «poderes, até económicos», antes de admitir ter tido dúvidas sobre a recandidatura «até há pouco tempo».

Madail, cujo sucessor será eleito no sábado, já com novos estatutos no organismo, decorrentes do renovado Regime Jurídico das Federações Desportivas, lembrou sempre ter defendido que a direção da FPF «não tinha os poderes executivos para atuar».

Sobre o turbulento desfecho das relações contratuais com o técnico Carlos Queiroz, Madail reconheceu não ter tido outra alternativa na altura da contratação que não uma pouco habitual ligação por quatro anos.

«Na generalidade, toda a família do futebol, não admitia outro selecionador. Entendi que tinha perfil, capacidade, inteligência para vir a assumir o cargo. Como não tinha alternativas, propus que aceitássemos contrato por dois ciclos, mas o resultado não foi bom», afirmou, reconhecendo ter sido uma decisão «mais pela imagem do que pelo currículo».

O líder da FPF revelou ter-se arrependido da contratação de Queiroz, que envolveu uma indemnização ao clube inglês Manchester United de 600 mil euros, depois da entrevista do treinador na qual o mesmo «faltou ao respeito a um vice-presidente da FPF [Amândio de Carvalho]».

«Soube que se tinha passado alguma coisa na Covilhã, mas na altura ninguém deu grande importância», continuou, referindo-se ao incidente do então selecionador com uma brigada da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP).

Sobre os casos de Ricardo Carvalho e Bosingwa, jogadores com os quais Paulo Bento deixou de contar para a seleção nacional, o presidente da FPF disse não acreditar que o seu sucessor consiga inverter a situação, depois de o técnico lhes ter fechado a porta enquanto for selecionador.

Gilberto Madail, quase a comemorar 67 anos de idade e com perto de 16 como líder do organismo que superintende o futebol luso, vai ceder o seu cargo após as eleições de sábado, às quais concorrem duas listas: uma encabeçada pelo atual presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Fernando Gomes, outra pelo presidente da Câmara Municipal de Tondela, Carlos Marta.