Numa conversa onde o futebol não foi o mais importante, o técnico português José Mourinho, mesmo assim, voltou a falar sobre o que sente em relação ao seu país e ao futebol praticado.
“Sou um português que não quer voltar. Não quero trabalhar em nenhum clube português, não quero viver em Portugal, mas sou um português que gostaria de, com as minhas capacidades, fazer alguma coisa importante. Não sou um português típico porque, em geral, os portugueses sentem a falta de Portugal e eu não. Não tenho saudades, talvez porque tenho uma família espectacular ou porque estou apaixonado pelo que faço. Não tenho saudades, mas tenho muita paixão”, disse, em entrevista ao jornal “El País”, publicado este domingo.
O actual técnico do Real Madrid insistiu ainda nos seus objectivos, antes de chegar a comandar a selecção portuguesa, e travou um desafio ao seu colega Carlo Ancelotti.
“É preciso ser-se flexível, adaptar-se à situação e fazer um diagnóstico do dia-a-dia a todos níveis. Na minha vida profissional é difícil que as previsões se cumpram automaticamente, tem de haver desvios, mas dos três objectivos que tracei já alcancei dois. O primeiro: ganhar a Champions em três clubes diferentes. Ernst Happel, Ottmar Hitzfield e eu conquistámos duas cada em dois clubes diferentes. Happel morreu, Hitzfield está a ponto de reformar-se e eu tenho muitos anos de carreira pela frente. O segundo: quero ser o único a ganhar as três Ligas mais importantes do Mundo - Espanha, Inglaterra e Itália. Fabio Capello ganhou a italiana e a espanhola, Carlo Ancelotti ganhou a italiana e a inglesa, eu a inglesa e a italiana. Se Capello, como ele diz, não voltar a nenhum clube, já não o conseguirá, só estamos Ancelotti e eu para ganhar as três. Não sei se Carlo o terá entre os seus objectivos, mas eu quero ganhar as três Ligas mais importantes”, explicou Mourinho.
José Mourinho falou ainda do regresso a Portugal e da candidatura ibérica para o Mundial de 2018 ou 2011, em conjunto com a Espanha.
“Quero dar ao meu país algo que ninguém lhe deu: o título de campeão da Europa ou do Mundo. Este é o objectivo mais difícil porque não gosto de treinar selecções. Sendo Portugal um país pequeno de 10 milhões de habitantes, sem potencial económico e sem grandes infra-estruturas, tem um futebol que merece algo importante. É um futebol que deu três bolas-de-ouro - Eusébio, Figo e Ronaldo...Um país que deu um Benfica histórico e um FC Porto que ganhou a Champions merece duas coisas: um título grande e, com a ajuda de Espanha, ter um Campeonato do Mundo de futebol. Temos de ganhar esta candidatura”, rematou.
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