O Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) determinou hoje que a Autoridade Antidopagem de Portugal (ADOP) pague 56.181 francos suíços (46 000 euros), correspondentes à totalidade dos custos do recurso interposto por Carlos Queiroz.

Da quantia acima mencionada, a ADOP terá de pagar, ainda por deliberação do TAS, a Carlos Queiroz 18 500 francos suíços (15 100 euros) que este teve de adiantar no início do processo.

Este recurso do ex-selecionador àquele Tribunal de última instância tinha sido apresentado na sequência da suspensão de seis meses que lhe foi aplicada pela ADOP a 30 de agosto de 2010, sob a acusação de ter perturbado o controlo antidoping realizado a 16 de maio, na Covilhã, durante um estágio da seleção antes do Mundial2010, ao dirigir insultos à brigada da ADoP e ao presidente do organismo, Luís Horta, e à mãe deste.

O TAS deu provimento a esse recurso de Carlos Queiroz e anulou a decisão da ADOP, considerando que o ex-selecionador «não teve a intenção de perturbar» a referida ação de controlo antidoping durante o estágio da seleção nacional de futebol antes do Mundial 2010.

Aquele Tribunal considerou que «nenhuma prova foi encontrada nesse sentido», e que, ao invés, «houve prova de que o recorrente fez as suas declarações grosseiras como resultado de frustração e fúria, eventualmente até orgulho, mas não como uma agressão direta contra a brigada antidopagem».

Antes, o TAS já tinha sido sensível aos argumentos de Queiroz, dando provimento a um primeiro recurso, no sentido de suspender os efeitos da punição da ADoP, que impediam de desenvolver qualquer atividade profissional.

Depois da decisão da ADoP, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) anunciou a 09 de setembro o despedimento de Queiroz e anunciou a contratação de Paulo Bento como selecionador até julho de 2012.

Confrontado pela Agência Lusa com esta decisão do TAS, o ex-selecionador não poupou o ex-secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, o presidente da ADOP, Luís Horta, e o presidente do Instituto do Desporto de Portugal, Luís Sardinha.

«Deixo a pergunta à sociedade portuguesa: como é que responsáveis do Estado usam o seu aparelho para acusarem de forma injusta um cidadão para satisfazerem os seus devaneios políticos e pessoais e quem vai pagar por esta conduta infame são os impostos de todos os portugueses, os meus incluídos», observou Carlos Queiroz, considerando que os 56 181 francos suíços deviam ser «pagos do bolso de Laurentino Dias, Luís Horta e Luís Sardinha».

O anterior selecionador nacional deixa, ainda, em aberto «à consciência das atuais autoridades portuguesas» uma questão:

«Como é que é possível que o presidente da ADOP, Luís Horta, que disse as maiores barbaridades sobre o futebol e os clubes portugueses em Tribunal, se mantém em funções e não é demitido depois de tudo o que se passou?.»