Se a lógica do futebol imperar, só um “super” FC Porto, conjugado com um FC Barcelona em subrendimento, permitirão aos “dragões” conquistar a Supertaça Europeia, sexta-feira, no Mónaco.

O campeão português, vencedor da Liga Europa, ambiciona o segundo exemplar do troféu, à quarta presença (o “Barça” tem três, em sete), mas tem a noção do quão complicada é a missão: é que este campeão moldado por Pep Guardiola é, para muitos, a melhor equipa que o futebol já conheceu.

Uma das questões do jogo é saber se o “dragão” vai surgir destemido, determinado na luta e com ambição em construir a sua própria história ou se, no subconsciente, estará a ideia de evitar uma penosa derrota perante o colosso de Barcelona.

Frente ao “polvo” catalão, que manieta os adversários como poucos e guarda a bola como ninguém, o bom senso aconselha a que o habitual “4x3x3” portista dê lugar a um mais cauteloso “4x4x2”, com os portugueses, mais numerosos no “miolo”, a tentarem neutralizar a fase de construção do adversário, enquanto Hulk e outra “seta” teriam a missão de incomodar no ataque.

A dúvida é se estará o dragão empenhado em mostrar um futebol e atitude competitiva positivos à altura do seu historial e filosofia, ou, ou invés, o receio do poderio do rival falará mais alto e a equipa ficará encolhida nos seus receios.

Se os catalães conseguem apresentar-se cada vez mais fortes – o regresso do médio Cesc Fàbregas e a contratação do avançado chileno Alexis Sanchez são reforços criteriosos, de vulto –, já o FC Porto, que tinha perdido o treinador André Villas-Boas para o Chelsea, acaba de sofrer nova forte machadada na confiança do grupo, com a venda de Falcao, o grande goleador.

Qualquer que seja a comparação – estatística ou de outro nível –, o FC Porto dificilmente sai a ganhar, perante um conjunto que tem várias das melhores individualidades do Mundo, quase todas produzidas na sua “cantera”, e que, juntas, constituem uma equipa pouco menos do que imbatível.

Numa comparação jogador a jogador, posição por posição, provavelmente nenhum portista consegue entrar no “onze” catalão, nem mesmo o “incrível” Hulk, que se tem apresentado novamente como o abono de família da equipa, tendo, até ao momento, marcado três dos seis golos em jogos oficiais, e participado ativamente nos outros três.

Aos vários campeões europeus e do Mundo nos últimos anos – de clubes e seleção – junta-se “apenas” o melhor da atualidade, Leo Messi, o prodígio argentino que, curiosamente, se estreou na equipa sénior na inauguração do Estádio do Dragão, em 2003, então com 16 anos.

Ao FC Porto consistente da última época não falta apenas Falcao, com difícil substituição à altura, mas também o treinador André Villas-Boas, uma vez que o antigo adjunto e sucessor, Vítor Pereira, ainda está a dar os primeiros passos na condução da equipa.

Vencer este experiente FC Barcelona, a grande “escola” do futebol mundial, afigura-se extremamente complicado – na recente Supertaça de Espanha, o reforçado Real Madrid, de Mourinho não conseguiu ganhar qualquer dos dois jogos, mesmo com mais tempo de treino –, mas, como não há impossíveis, vingará o desejo dos “azuis e brancos” em fazer história.