Os guarda-redes Beto e Hélton reiteraram hoje que não há favoritos para o 'clássico' entre Sporting e FC Porto, das meias-finais da Taça da Liga de futebol, ainda que o primeiro considere o plantel 'leonino' superior.

Beto, que defendeu as redes de Sporting, FC Porto e Sporting de Braga, considera que a competição que se avizinha, pelas suas características, é imprevisível e que os momentos de forma podem ser irrelevantes, após uma jornada do campeonato em que 'leões' e 'águias' perderam pontos.

"O Sporting foi a equipa que apresentou o melhor futebol no início da temporada. Tem um plantel forte e pode produzir um futebol de alta qualidade. É muito difícil dizer quem é favorito. A Taça da Liga é uma competição de eliminatórias e, por isso, qualquer equipa pode surpreender. O FC Porto tem o ADN que todos conhecemos, o Benfica continua a ser o Benfica, e o Sporting de Braga já nos habituou a estar nas decisões", explicou, à margem do evento que precede a competição, na recém-inaugurada Arena Liga Portugal, no Porto.

Numa altura em que os três 'grandes' estão separados por apenas três pontos no topo da I Liga, ainda que os 'dragões' tenham ficado com uma partida em atraso, o antigo internacional português considera que o equilíbrio se deve sobretudo às inconstâncias que as equipas têm apresentado.

"O equilíbrio deve-se mais aos percalços dos três 'grandes' do que pela competitividade. Se o Sporting não tivesse perdido o treinador, se calhar estaria 10 pontos à frente e não teríamos esta disputa. Este ano tem sido um ano atípico, onde não se esperavam certos resultados. O Benfica, por exemplo, perdeu pontos contra o Sporting de Braga, o FC Porto foi eliminado da Taça de Portugal, onde costuma dominar, pelo Moreirense", analisou, acrescentando que uma conquista da Taça da Liga pode "alavancar a confiança" para o resto da época.

Tendo-se notabilizado ao longo da carreira de futebolista no momento de defender grandes penalidades, Beto abordou ainda a possibilidade de os encontros se decidirem nos pontapés da marca dos 11 metros.

"Nós não planeamos os jogos a pensar nos penáltis, é algo que só nos ocorre nos últimos minutos do jogo. Nenhum treinador monta uma equipa a pensar nisso, só se pensa ao minuto 90. É um formato que acaba por privilegiar os 90 minutos, em que tem de se jogar para ganhar. Não gosto de chamar aos penáltis de lotaria, porque há mérito. Não há pressão, há exigência e o futebol é isso. Pressão é ter fome e não ter pão na mesa", sentenciou.

Já Hélton, guardião do FC Porto entre 2005/06 e 2015/16, acredita que o aproveitamento das oportunidades será determinante, num jogo em que ambas as forças são niveladas.

"Não existe favoritismo no futebol, ainda para mais quando se trata de equipas grandes. E com isso faz, obviamente, com que esta parte anímica seja muito trabalhada internamente, porque, quando a bola rola, toda a gente quer ganhar, ninguém entra para empatar sequer. Vai ser uma questão de quem aproveita melhor as oportunidades, de estar atento", explicou.

O antigo jogador dos 'azuis e brancos' rejeitou ainda a ideia de que o triunfo na competição possa ser determinante para o técnico vencedor, numa circunstância em que os técnicos Vítor Bruno, Bruno Lage e Carlos Carvalhal já passaram por séries de resultados conturbados e Rui Borges ainda se inicia no Sporting.

"Eu venho de um futebol, de um campeonato brasileiro em que, na segunda derrota, o treinador estava a prémio. Então, vou ser muito honesto. Deem oportunidade para os treinadores mostrarem quem são. Não vamos criticá-los só porque perderam um ou três jogos, o que seja. Sobre a capacidade do treinador do Sporting, acho que ainda está por mostrar. O treinador do Benfica já mostrou cartas suficientes. E falar do treinador do Porto, que já ganhou um título...", disse.

A competição, que se disputa em Leiria, terá o Sporting e o FC Porto a defrontarem-se na primeira meia-final, na terça-feira, enquanto o Sporting de Braga e o Benfica jogam no dia seguinte o acesso à final, que se disputa no sábado.