O Benfica assinou ontem a sua declaração de presença em mais uma final da Taça da Liga. O triunfo sobre o Vitória de Setúbal, por 3-0, significou a sexta participação no jogo do título em oito edições da prova, sublimando a hegemonia que o clube da Luz vai construindo na competição mais recente do futebol português.

Contudo, o resultado final não reflete as dificuldades que o Benfica chegou a sentir perante um Vitória de Setúbal aguerrido e empenhado em provar o seu crescimento, face aos seis jogos seguidos sem derrotas sob a orientação de Bruno Ribeiro. De facto, o jogo acabou por ser decidido nas grandes penalidades sem que tenha sequer passado dos 90 minutos. Confuso? Não, se forem tidos em conta os dois penáltis que abriram o caminho para a vitória encarnada ainda na primeira parte. O golo de Jonas, já no segundo tempo, foi apenas uma confirmação da superioridade dos anfitriões diante de um adversário em inferioridade numérica.

O embate com os sadinos chegou apenas três dias depois do precioso empate conseguido ao cair do pano com o Sporting (1-1), no Estádio José Alvalade, e trouxe novamente muitas caras novas à equipa de Jorge Jesus. Sete, para sermos mais precisos: Sílvio, Lisandro, Cristante, Pizzi, Talisca, Gonçalo Guedes e Derley.

A falta de rodagem das apostas de Jorge Jesus ficou exposta a olho nu com um Vitória a todo o gás. A boa entrada sadina podia ter originado um golo de Pelkas, mas o remate do jogador foi travado por um excelente corte de Lisandro, evitando assim o golo forasteiro. Esse lance podia ter mudado radicalmente a história do jogo, mas a crónica segue um ritmo diferente, em função da reação do Benfica.

Os encarnados reagiram, lançaram-se na pressão ofensiva sobre a baliza de Lukas Raeder, mas os 13101 espectadores tiveram de aguardar 40 minutos para fazer a festa. E esta chegou numa grande penalidade duvidosa de Advíncula sobre Gonçalo Guedes, que acaba por redundar na expulsão do jogador sadino. Ato contínuo: Talisca faz o 1-0, com uma conversão exemplar a ditar o seu regresso aos golos, depois de um período de menor fulgor.

Num favoritismo que tardava em se confirmar, o Benfica acabou por beneficiar de outra grande penalidade apenas cinco minutos depois. Desta feita, a falta na grande área foi sobre Talisca, mas o brasileiro deixou a marcação para Pizzi, que fez o 2-0 já no primeiro minuto de descontos. O médio português voltou a assinar uma boa prestação, "reclamando" assim mais oportunidades ao técnico encarnado.

O intervalo chegou logo a seguir, com um vencedor praticamente anunciado e um vencido digno e apenas batido por duas grandes penalidades. Aliás, os adeptos do Vitória fariam questão de mostrar com ironia a sua insatisfação com a arbitragem de Rui Costa ao longo da segunda parte, gritando "penálti" em quase todos os momentos do jogo, quer a bola estivesse nos pés do Vitória ou do Benfica.

A segunda parte revelou-se como uma quase formalidade para o clube da Luz, ciente de que a vitória já não fugiria. E o Vitória, esse, lutava apenas para controlar os danos, conseguindo fazer pouco mais com apenas 10 jogadores. Assim, abriu-se o caminho para 45 minutos de domínio absoluto do Benfica, no qual Artur foi um simples espectador.

Jorge Jesus quis manter a atitude competitiva na equipa e lançou os experientes Jonas, Salvio e Rúben Amorim no campo. O brasileiro teve o mérito de fazer o 3-0, aos 72, na sequência de uma boa jogada de Ola John, o argentino veio dar nova alma ao ataque, e o português celebrou o seu regresso aos relvados com uma grande ovação do público, após seis meses de paragem por lesão.

O apito final carimbou, assim, mais uma final no consulado de Jorge Jesus, na qual os encarnados vão defrontar o vencedor do embate entre o FC Porto e o Marítimo.