O futebol, como qualquer desporto, é uma atividade lógica em termos táticos, técnicos e psicológicos. Não obstante, a vitória nunca é um dado adquirido, ainda mais num duelo entre dois “grandes”, como na partida entre FC Porto e Sporting, do próximo sábado (17 horas). É neste sentido que o provérbio “homem prevenido vale por dois” encaixa perfeitamente, ou fazia, principalmente para os futebolistas do clube lisboeta.

Corria a época 1947/48 e o Sporting - de Peyroteo, Travassos, Vasques, Albano e Jesus Correia - lutava para ser campeão, naquele que ficaria conhecido como o campeonato do “pirolito” ou dos “cinco violinos”. O principal objetivo passava por renovar o seu estatuto de campeão, alcançando o segundo de três campeonatos consecutivos (entre 1946 e 1949).

Mas centremo-nos na temporada 47/48. O “leão” tocava valsas magistrais ao som de “cinco violinos” e pretendia encantar os ouvidos dos adeptos presentes no velho Estádio do Lima, quebrando a já longa malapata de derrotas sofridas diante dos “azuis e brancos”. O jogo propriamente dito acabou com uma vitória contundente dos homens do norte (4-1), mas a história não se escreve apenas dentro das quatro linhas…

Mandava a tradição que o Sporting se instalasse em Oliveira de Azeméis sempre que se deslocava à cidade Invicta para medir forças com o FC Porto. Por comodidade? Por causa do sossego? Não. Por causa de uma macaca. Este animal era a verdadeira razão para os “verdes e brancos” ficarem instalados a quase 60 km do Campo da Constituição, uma das primeiras casas dos portistas.

Reza a lenda que as visitas do Sporting ao Porto acabavam quase sempre em vitória devido à macaca, que era acarinhada pelos jogadores, passeava com a comitiva e era vista como um amuleto para os futebolistas. Contudo, quando chegaram à cidade de onde é natural o escritor Ferreira de Castro, a “macaca da sorte” havia desaparecido. O peso de uma possível derrota diante dos “dragões”, orientados pelo argentino Eladio Vaschetto, parecia adensar-se e nem as inspiradas melodias produzidas ao longo da época pelos “cinco violinos” aparentavam dar confiança aos atletas leoninos.

O culpado de toda esta hesitação foi o dirigente portista Sebastião Ferreira Mendes que, tendo conhecimento da estranha crença, se antecipou e comprou o dito animal, levando-o para o lar dos jogadores do FC Porto. A partir deste momento, o Sporting voltou a empatar e perder jogos diante dos “dragões”.

O mal estava feito, o Sporting acabaria por perder (4-1) e a maldição ganhou contornos realistas. Tão reais que os homens de Alvalade deixaram de estagiar na cidade do calçado e da metalurgia. O Sporting só voltou a vencer em 1954, precisamente para a Taça de Portugal, por 4-2, agora no Estádio das Antas.

Em 1947/48, os “leões” acabariam mesmo por se sagrar campeões na última jornada, quando o título se decidiria entre o clube de Alvalade e o Benfica, ambos em igualdade pontual. Os sportinguistas, então treinados por Cândido Oliveira (ex-jogador, treinador e jornalista que acabou por ceder o seu nome à Supertaça de Portugal), tinham de vencer em Vila Real de Santo António por mais de dois golos e conseguiram-no (4-1).

Com este resultado alcançaram os mesmos 41 pontos dos encarnados, mas tendo um golo de vantagem obtido no confronto direto com as “águias”. Daí advém a alcunha de “pirolito”, uma gasosa que fazia as delícias dos portugueses e que era selada por um berlinde, uma bola, isto é, um golo. Nesse mesmo ano, o Sporting também bateria o Belenenses na final da “prova rainha” por 3-1. Não há superstição que não dê em… fartura de títulos.

Todos sabemos que o próximo encontro diz respeito à Taça de Portugal. Não obstante, um clássico é um clássico seja em que competição for. Tendo em conta a ligeira vantagem dos “dragões” em confrontos da Taça de Portugal (13 vitórias portistas contra 11 do Sporting) e o facto de os “leões” já não vencerem no Porto desde 1996 para a competição (o total de confrontos entre FC Porto e Sporting desde a temporada 1947/48 confirma apenas três vitórias leoninas em 14 encontros disputados na Invicta), quem sabe se não há por ai um “borrego” prestes a ser comprado por… um sportinguista.

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