A 10.ª edição da Cimeira Olímpica, presidida pelo presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), manifestou hoje “preocupações sérias” com a possibilidade de um Mundial de futebol a cada dois anos, criticando a “politização” dos Jogos de Inverno Pequim2022.
O objetivo da Cimeira, que junta membros do COI e outras instituições federativas internacionais, é a de discutir “o futuro do movimento olímpico”, desta feita com a participação do presidente da FIFA, Gianni Infantino.
O plano de um Mundial de dois em dois anos foi alvo de preocupação e várias questões, com Infantino, citado em comunicado do COI, a destacar que o plano é ainda “preliminar”, pelo que todos os detalhes de quaisquer mudanças ao calendário internacional “estão ainda sob discussão”.
A possibilidade de avançar o mais cedo possível para um aumento de frequência do campeonato do mundo, um evento que gera vários milhares de milhões de euros para os organizadores, poderia ‘chocar’ com os Jogos Olímpicos Los Angeles2028.
O COI já apontou os possíveis efeitos da duplicação da frequência para modalidades como “o ténis, o ciclismo, o golfe, a ginástica, a natação, o atletismo, a Fórmula 1 e muitos outros”.
A reunião ‘online’ de Infantino com membros do movimento olímpico aconteceu a poucos dias da própria cimeira da FIFA, também por via telemática, marcada para dia 20 a partir de Doha, no Qatar, com a presença de membros de 211 federações nacionais e dos líderes das associações continentais, para debater o tema.
A Cimeira foi ainda afetada pela entrada do grupo Estudantes pelo Tibete Livre na sede do COI em Lausana, na Suíça, que segundo aquele organismo feriram “um segurança” e “usaram a força” para entrar nas instalações.
O protesto visava os Jogos Olímpicos Pequim2022, a que chamou de “Jogos do Genocídio”, muito contestados e no centro de uma polémica crescente, de questões relacionadas com a diplomacia mundial até à questão da minoria Uighur em território chinês e as situações em Hong Kong e Taiwan.
Sobre Pequim2022, a Cimeira registou o que apelidou de “bem sucedidos eventos de teste”, a caminho do que esperam ser “o início de uma nova era dos desportos de inverno a nível global”.
O evento tem sido marcado pela escalada de tensão diplomática, com vários países, com os Estados Unidos à cabeça, a anunciarem um boicote diplomático, enviando apenas atletas.
Com a trégua olímpica já decretada e aprovada pelas Nações Unidas, e a garantia do secretário-geral, António Guterres, de que estará na cerimónia de abertura, a Cimeira afastou-se do que chama “politização” da competição.
“A Cimeira mantém-se firme contra qualquer politização dos Jogos Olímpicos e do desporto, e enfatiza a necessidade da neutralidade política do COI, dos Jogos Olímpicos e de todo o Movimento Olímpico”, pode ler-se em comunicado.
O COI tem sido criticado por várias instâncias pela postura de proximidade com a China, não só quanto a Pequim2022 e o respeito pelos direitos humanos naquele país, mas também dada a situação da tenista Peng Shuai, após denunciar abusos sexuais por um antigo governante.
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