O presidente da Confederação do Desporto de Portugal (CDP), Carlos Paula Cardoso, afirmou hoje que “o desporto está a ser posto à margem”, no que toca às medidas tomadas para minimizar os efeitos da pandemia de covid-19.

“O desporto vive a sua maior crise desde o último século devido à situação pandémica” e “faltam medidas adequadas à situação”, refere o presidente do CDP, uma das entidades subscritoras de uma carta conjunta de alerta ao primeiro-ministro, António Costa.

Comité Olímpico de Portugal (COP), Comité Paralímpico de Portugal (CPP) e CDP alertaram hoje para a crise criada pela pandemia provocada pelo novo coronavírus, em carta aberta ao primeiro-ministro, assinalando o “impacto social, económico, cultural e político” no setor, devido à ausência de respostas.

Carlos Paula Cardoso considera imperativo “falar abertamente do assunto” e recorda que as entidades desportivas estiveram desde a primeira hora na linha da frente no que respeita a avaliar as questões relacionadas com a covid-19 com a Direção-Geral da Saúde (DGS).

O dirigente, referindo-se à decisão unilateral de supressão da atividade das modalidades não profissionais no último fim de semana, ao abrigo da limitação de circulação entre concelhos, diz que não entende esta medida e apela para que não volte a acontecer sem consulta às entidades desportivas.

De acordo com COP, CPP e CDP, “a falta de reconhecimento do papel social do desporto, e dos agentes e organizações que o representam, acentua as vulnerabilidades que têm afetado o setor, expondo de forma evidente a fragilidade no campo político, numa omissão que desafia os limites da sobrevivência e o futuro desportivo do país aos seus mais diversos níveis”.

Na carta enviada a António Costa as estruturas representativas das federações desportivas nacionais denunciam que “Portugal tem ignorado os exemplos de outros países europeus que convergem no sentido de apoio público urgente ao Desporto”, depois de as instituições europeias terem “exortado os Governos dos Estados-membros a dedicarem-lhe uma parte dos apoios comunitários, propondo a integração do setor no pacote de medidas extraordinárias e incentivos para mitigar o impacto da crise”.

No mesmo documento, COP, CPP e CDP admitem que o desporto “tem sido um dos setores mais vulneráveis ao impacto económico, social e sanitário da covid-19, por força das restrições impostas, que inibem ou impossibilitam a prática de atividade física e desportiva, traduzidas em relevantes prejuízos para a sua sustentabilidade”.

Apesar da “resiliência na adaptação a um novo contexto”, os signatários lamentam a ausência de respostas, mesmo depois de o movimento associativo desportivo ter apresentado uma moção estratégica ao Governo e à Assembleia da República.

O documento propõe “um pacote de medidas urgentes sobre a retoma das atividades desportivas em segurança, das quais se realça o apoio extraordinário à viabilidade das organizações desportivas, em especial as de base, como os clubes, mas também a alteração de regimes jurídicos diversos relacionados com o desporto, como o fiscal ou o do dirigente associativo”.