O presidente da Comissão de Atletas Olímpicos (CAO), Emanuel Silva, realçou hoje que a saúde mental no desporto é um tema a que “toda a gente tem de estar atenta”, abordado no Fórum Internacional de Atletas.

Presente em Lausana, na Suíça, num evento que reúne cerca de 400 representantes dos comités olímpicos nacionais e 200 das comissões de atletas, o ex-canoísta vincou que a saúde mental é “um assunto emergente na sociedade”, após a intervenção da tarde de hoje, proferida por Allyson Felix, antiga velocista norte-americana com 11 medalhas olímpicas, sete de ouro na.

“Toda a gente tem de estar atenta. A saúde mental é um assunto muito abordado por muitas comissões e por muitos comités olímpicos. É um assunto emergente na sociedade. A chamada de atenção dela foi nesse sentido. Nós, que estamos mais no terreno e convivemos mais com os atletas, não devemos deixar escapar essas situações”, disse à Lusa.

Vice-campeão em K2 1.000 metros nos Jogos Londres2012, juntamente com Fernando Pimenta, outro dos atletas que integra a atual CAO, Emanuel Silva adiantou que nenhum dos atletas olímpicos portugueses recorreu a consultas de psicologia nesse sentido, mas não vê a circunstância como garantia de que tudo está bem.

“Também podemos interpretar isso de outra maneira. Pode ser algum atleta que tenha vergonha, medo ou receio de procurar ajuda. Quem está no terreno, em particular os treinadores e os dirigentes, tem de ter atenção redobrada a algum sinal de que possa acontecer [alguma situação que exija ajuda]”, acrescentou.

Eleito presidente da CAO em 05 de maio, o antigo canoísta, de 39 anos, realçou ainda que a literacia financeira e a transição do final da carreira para a ocupação futura são também discutidas num evento que visa promover “conhecimento e contactos” entre as comissões de atletas e os comités olímpicos dos vários países.

Com um mandato que dura até 2029, o bracarense vinca que a CAO é “uma porta aberta para os atletas partilharem dificuldades e ideias” e para os ajudarem a ser vistos “como uma mais-valia” e a conseguirem “melhores resultados” no ciclo olímpico que se estende até Los Angeles2028.

Depois da melhor prestação olímpica de sempre, com as conquistas em Paris2024 do ouro no madison, por Rui Oliveira e Iúri Leitão, que também foi prata no omnium, ambas no ciclismo de pista, a prata de Pedro Pichardo no triplo salto e o bronze de Patrícia Sampaio no judo, Paris2024, Emanuel Silva crê que os portugueses dispõem de condições para chegarem “fortes e unidos” aos Jogos que se realizam na cidade norte-americana pela terceira vez, depois das edições de 1932 e 1984.

“Portugal está preparado para oferecer as melhores condições aos atletas. Têm de se agarrar com ‘unhas e dentes’ às condições que têm e fazer disso uma ‘rampa de lançamento’ para o sucesso. Há fatores que podem ser melhorados no alto rendimento, nos clubes, na preparação, mas estamos todos ‘no mesmo barco e a remar para o mesmo lado’”, referiu.

O Fórum Internacional de Atletas começou hoje, com intervenções do ex-basquetebolista espanhol Pau Gasol e de Allyson Felix, e termina na quinta-feira, com intervenções do presidente em exercício do Comité Olímpico Internacional, o alemão Thomas Bach, e da presidente eleita para o organismo, Kirsty Coventry, do Zimbabué.