
O antigo futebolista profissional venezuelano, Jerce Reyes, foi deportado de um controlo de imigração dos Estados Unidos da América para o Centro de Confinamento de Terrorismo, uma prisão em El Salvador.
As suspeitas eram de que pertencesse a um gangue do país, Tren de Aragua, mas o advogado do ex-guarda-redes disse que tudo se deveu a uma tatuagem do Real Madrid.
Segundo a CNN, Reyes foi entregue ao controlo de Imigração e Alfândega dos EUA no passado mês de setembro, depois de ter entrado no país à procura de asilo sem alguns documentos necessários. Mais tarde, o antigo futebolista foi acusado de pertencer a uma organização terrorista nos EUA, tendo sido deportado para uma prisão, em conjunto com centenas de venezuelanos.
A mesma fonte contactou a Segurança Interna dos EUA, que revelou que as tatuagens de Reyes foram um dos principais motivos que levaram a que fosse suspeito de pertencer ao Tren de Aragua. Algumas das tatuagens do antigo futebolista que foram um alerta para as autoridades são: nomes das duas filhas, um mapa da Venezuela, uma estrela e a figura de um guarda-redes, uma bola em cima de um rosário com uma coroa real, em referência ao símbolo do Real Madrid, com a palavra “Deus”, alcunha de Diego Maradona.
“Jerce Reyes Barrios não só estava nos Estados Unidos ilegalmente, como também tem tatuagens consistentes com aquelas que indicam uma afiliação ao gangue TDA. A sua própria atividade nas redes sociais indica que é um membro do gangue violento TDA. Posto isso, o serviço de análise de inteligência da DHS vai além de uma só tatuagem e temos confiança nas nossas descobertas”, referiu um oficial da Segurança Interna dos EUA.
Contudo, o tatuador responsável, Mengual, assegura que não existe uma relação entre os seus trabalhos e as acusações, até porque a tatuagem com referência ao Real Madrid foi feita em 2018, antes de o grupo terrorista ter sido formado.
“Que injusto! Eu li nas notícias que o Tren de Aragua usa rosários ou rosas, mas e então? Eu não percebo como é que uma pessoa inocente tem de pagar por isso”, comentou o tatuador.
Quem confirma esta versão é a esposa de Reys, Mariyin Araújo, que chegou a tentar encontrar-se com o ex-guarda-redes nos Estados Unidos.
“Jerce nem sequer bebe ou fuma e nunca esteve envolvido em qualquer crime ou situação má! Ele só quer saber das suas filhas e de futebol”, garantiu.
O advogado, Linette Tobin, fez questão de revelar alguns contornos sobre o caso, admitindo que Reyes deixou a Venezuela para rumar ao México. O antigo jogador procurava uma vida melhor devido à instabilidade política no país. Já em solo mexicano, Reyes registou-se numa aplicação governamental dos EUA destinada a migrantes para entrar legalmente no país. Entretanto, agendou uma reunião com as autoridades de imigração, mas foi detido.
O Perijaneros FC, clube de Machiques, também teve uma palavra a dizer e manifestou-se relativamente à detenção do seu antigo jogador.
“Vários jovens jogadores deixaram o clube... Alguns foram para os Estados Unidos, outros estão na Colômbia e no Peru, estão por todo o lado. Não é segredo que a situação económica aqui é problemática e as pessoas não costumam anunciar quando vão embora, mas, no ano passado, [Reyes] disse-me que ia tentar ir para os Estados Unidos porque o seu pai estava muito doente e porque queria encontrar uma vida melhor para a sua família. Não entendo. Como é que podem colocar alguém na prisão sem uma investigação exaustiva? Como é que é possível que não investiguem isto antes de sentenciarem alguém?”, comentou o treinador Yogerse Viloria.
Desde a acusação que a defesa tem tentado provar a sua inocência do futebolista que chegou a jogar na primeira e segunda divisão da Venezuela. Reyes vai apresentar-se no dia 17 de abril no tribunal de San Diego.
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